A ARTE DE IGNORAR OS POBRES.
A arte de ignorar os pobres se desenvolveu junto com a humanidade.
Ninguém de médio sentimento de justiça consegue justificar essa conduta de uma parte em posição contrafeita a outra.Impossível justificar a miséria recusando qualquer política séria para sua erradicação, mas acontece majoritariamente.
As grandes convenções, regionais, nacionais e internacionais, têm essa varinha mágica, fingirem uma preocupação que não sai do papel nas representações de todos os níveis.
Expurgar essa consciência crítica que não se resolve sobre o tema dos pobres; complicado e de certa maneira insolúvel. Pobres e ricos, conta a história, vivem lado a lado, desconfortavelmente, de forma tensa e arriscada. Plutarco dizia que “o desequilíbrio entre ricos e pobres é a mais antiga e a mais fatal das doenças das repúblicas”.
Os problemas que resultam dessa convivência, e particularmente a questão da justificação da boa sorte de alguns face à má sorte de outros, são uma preocupação intelectual que atravessa o tempo. E continua sendo atual.
Na teoria do darwinismo social, a eliminação dos pobres seria o meio usado pela natureza para melhorar a raça.
Em 1830, surge uma nova fórmula, sempre fruto da atualidade de proposta para eliminar a pobreza da consciência pública. Esta fórmula é associada aos nomes do financista David Ricardo (1722-1823) e do pastor anglicano Thomas Robert Malthus (1766-1834): se os pobres são pobres, é culpa deles – isso se deve à sua fertilidade exagerada. E sugerem a redução da natalidade por meios inaceitáveis.
Esse crescimento demográfico é uma equação que espreita a demografia brasileira.
Na verdade a maior parte das iniciativas a serem viabilizadas em favor dos pobres deveria partir, de uma maneira ou de outra, do governo, do Estado. Ele existe para organizar. Cabe, então, concluir, que o governo é, por natureza, incompetente, salvo em matéria de concepção e delegação de mercados públicos. Sendo o governo decididamente incompetente e ineficaz, seria inútil lhe pedir que venha em socorro dos pobres: afinal, ele não faria nada além de criar uma confusão ainda maior que resultaria no agravamento do quadro. É o que tem acontecido com a malversação dos recursos públicos nessa sanha brasileira, tão gigantesca, que seus entes de capital público já alcançam as barras dos tribunais do exterior com condenações.
Condenação conveniente à ação pública como didática.
Uma tradição secular teima em dizer que toda forma de ajuda pública aos pobres é um desserviço a eles porque destrói sua moral. Uma certeza relativa já que induz a preguiça e aborta o sentido empreendedor.Rincões retirados brasileiros vivem das "bolsas nas vendinhas". Ninguém trabalha, e nem trabalho existe.
Mas o Brasil necessita passar a régua na corrupção, DE ALGUMA FORMA,para mudar esse quadro de calamidade.