Entre os Ianomâmis II

Os Ianomâmis é um grupo de índios diferentes. A língua falada por eles é única, não pertence a nenhum tronco linguístico. São normalmente de pequena estatura e com os cabelos para castanho.

No terceiro dia fomos visitar um agrupamento vizinho, de índios que "Seguraram a Palavra de Deus", cerca de 45 a 50 minutos de caminhada pela floresta.

Vimos muitas crianças e as casas de parede de barro com bambu cruzados (pau a pique)e a cobertura de folhas de uma palmeira especial, mais caprichadas do que o do outro grupo.

Este grupo fez uma reunião com ata (fizemos documento, disse Peri) e proibiram o consumo de bebidas alcoólicas, inclusive a caxiri, bebidas deles feita de mandioca mascada pelas índias e fermentada.

O chefe do grupo se chama Peri e seu filho Abelardo, muito falantes.

Perguntei se podia tirar fotos.

Ele perguntou de volta:

- Você vai ajudar meu povo? Estamos com gerador quebrados, precisamos de ferramentas e etc. - disse:

- Não vim preparado para isso. - E guardei a filmadora.

Mas continuamos a conversar.

Falei para ele que se segurou a Palavra, ele iria progredir e seu povo aumentar, como ele faria para alimentar tanta gente?

- Vamos fazer psicultura com tambaqui, aumentar as roças de mandioca, adensar os castanhais, entremear com açaí...

Conversamos muito. Estávamos eu e dois missionários e fomos dormir na escola deles para no dia seguinte participar do culto com outros missionários que vinham depois. O Peri falava português.

Abelardo filho de Peri, também fala português e compôs muitos corinhos de louvação.

No culto muitas crianças, todos pintados. Muita música cantadas na língua Ianomâmi. A missionária que dirigia o culto falou para mim,

"eles vão querer que você cante alguma coisa". Aí aí aí.

Não neguei fogo, na minha vez, convoquei os dois missionários e mais uma visitante que estava com vergonha de cantar e dirigi um coral lá na frente. Cantamos, "Com Cristo no barco tudo vai muito bem".

O Abelardo traduziu para eles, gostaram.

A outra visitante pediu também para tirar fotos. Ouviu um sermão tremendo do Peri, mas no final acabou deixando a tirar fotos.

Fiquei amigo do pai e filho, pretendo escrever para eles.

Estou pesquisando sobre mudas de castanhas com enxertia, para uma produção mais precoce.

Estou escrevendo aqui também para manter a memória disto. Não importa que a maioria não leia.

Tem mais história.

Defranco
Enviado por Defranco em 14/02/2018
Código do texto: T6253991
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