O ópio e o pió do povo
Num mundo com tantas carências, sobretudo no Brasil, muita coisa pode ser considerada ópio do povo. 15 a 20 dias de carnaval em algumas regiões do país, regiões notadamente conhecidas, ao longo da história, pela miséria de seu povo é, sem sombra de dúvida, o grande alucinógeno nacional permitido, autorizado, financiado e aplaudido por Lei, considerado manifestação cultural, que gera renda, empregos, movimenta a economia, mas que esconde por dentro das massas e atrás dos trios elétricos toda a letargia de um país que ainda não se levantou e permanece deitado em seu gigantismo, pra tudo acabar, ou começar, na quarta feira, com mais ópio, o próximo, mais centrado, mais focado, religioso, apaixonado e santo. Depois virá o período dedicado ao trabalho, bem no mês de maio, cujo primeiro dia é sem trabalho, pois, esse dia é feriado, nacional, mais um, não faz mal. Em seguida virá o outro ópio, o do futebol, com a copa do mundo, lá do outro lado, hoje aberto, quando antes, era fechado. E assim, já seis meses, terá passado. Pode ser que as coisas esfriem um pouco em julho, ou que seja agosto, a gosto de quem quiser frio lá para o Sul, ou seca e muito calor aqui para os lados do cerrado, sede do País, independente, só no dia sete, do mês que é nove, mas começa com sete (será conta de mentiroso? ou será tudo mentira, ou pouca verdade?), Não tenho prima Vera (será que tenho? Não lembro), mas há quem as tem e espera outubro onde aparece Aparecida, a padroeira, porquê não madroeira? (Parece machismo), madroeira, poderia derivar de mãe, já que também é mês da criança, não a esperança, mas qualquer criança. Como tudo que é bom dura pouco, meu Deus, já chegou novembro e nada foi feito, puxa como ano passa depressa. Como assim? Todo ano tem 12 meses e esse que começa com nove, mas é 11, dedicado aos filhos do carnaval (novembro =11 = 1+1 = 2 = fevereiro= carnaval, que legal!). Depois de nove, vem o Dez, acertou, dezembro, aí já é natal. Poxa, acabou. Foi rápido mesmo.