LIMABARRETEANDO...-PARTE III

1---Pois é, não só focar na questão racial (ave, MANDELLA e OBAMA!), sempre há um outro assunto para questionamento. ---- Dominavam na época de LIMA BARRETO, início so século XX, o elitismo até mesmo no FUTEBOL, em que um jogador, não branco, teve que se "ocultar" sob camadas de pó de arroz, daí o apelido de um clube carioca, "Fluminense-pó-de-arroz"......... sumamente exigência ridícula. ----- LIMA BARRETO contra o futebol (mesma ideia em GRACILIANO RAMOS), mas morreu antes da derrota deste pessoal conceito. Em concordância a outros intelectuais, que combatiam esportes em geral, incluindo futebol, assunto veemente e irônico de muitas crônicas, em textos de 1915 a 1922, fim de sua vida. Diziam que... "deseducava a mocidade brasileira" - falência moral e intelectual dos jovens, "desenvolvendo os pés e atrofiando o cérebro" (...) "geração de fracos e enfezados, lânguidos e raquíticos" (...) "qualquer esforço físico iria da fadiga à anemia, à gripe e à tísica (tuberculose)". ----- LIMA BARRETO, sem este exagero, apenas falava da violência em campo, mau comportamento dos torcedores (perto de carnificina no século XXI!), jogos nada amistosos entre cariocas e paulistas, americanos e ingleses trocando formações acadêmicas (médicos, advogados, literatos) pela de 'footballer'... ----- Em contraposição, OLAVO BILAC e COELHO NETO exaltavam a educação física para aprimorar a saúde, inclusive mental. ----- JOSÉ LINS DO REGO, super flamenguista. ----- Em 1919, LIMA e quatro amigos fundaram a "Liga contra o futebol", ano em que o Brasil ganhou seu primeiro título sul-americano - liga de curta duração e as classes alta e média /ainda elitismo/ continuaram futebolistas. ----- Crônica objetiva de 31 de outubro de 1921, na revista "Careta", sob o título de "Bendito futebol": na convocação de selecionarem jogadores para o Campeonato Sul-Americano a realizar-se em Buenos Aires, a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) decidiu não convocar jogadores "de cor", medida sugerida ou apoiada pelo presidente da República. Na crônica revoltada, "gente ordinária e comprometedora, esterco humano", humilhação máxima (...) "os argentinos não distinguem em nós, as cores: todos nós, para eles, somos macaquitos." ----- A oposição pessoal de LB não teria resistido ao tempo e acabaria reconhecendo no futebol uma primeira porta aberta da afirmação do negro no Brasil. Agosto de 1923, o "lusitano" Vasco da Gama seria campeão com um time que incluía negros - o escritor morrera nove meses antes.

2---Da crônica "Macaquitos", claríssima ironia de LIMA BARRETO (síntese) --- "Jornal ou semanário de Buenos Aires pintou a seleção brasileira como macaquitos, (...) "nenhum insulto (...) O macaco, segundo o zoologistas, é um dos mais adiantados exemplares da série animal e há mesmo competências que o fazem primo do homem. Tão digno "totem" não nos pode causar vergonha. (...) Quase todas as nações, segundo lendas e tradições, têm parentesco ou se emblemam com animais: franceses são tratados como galos; russos como ursos brancos; a Prússia e a Áustria põem águias nas bandeiras; a Inglaterra tem como insígnias o leopardo e o unicórnio; a Bélgica tem leões nas armas - leão, animal sem préstimo e carniceiro. O macaco é sem préstimo, mas é frugívoro, inteligente e parente próximo do homem: simpático e endiabrado animal."

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LEIAM meu trabalho ATLETAS AFRICANOS.

FONTES:

Inimigo feroz do 'jogo dos pontapés na bola' --- Macaquitos (crônica do próprio LB - 23/10/20, revista "Careta") - Rio, jornal O GLOBO, 22/7/17.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 13/02/2018
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