Tarde de Carnaval
E ontem um dos itens do cardápio do almoço foi o Carnaval. Depois da breve oração e agradecimento ao Pai , elogios à Mariana que foi a chef do dia, entrei com o assunto, porque, não podemos deixar morrer nossas tradições, nossas festas populares, nossa história, nem a alegria dentro de nós. Então, eu e a Mari puxamos um samba enredo muito interessante: meu Pai, Sr Edgar, ou Véio Dega, como era carinhosamente chamado pelos netos. Filho de cariocas, da região serrana do Rio de Janeiro, amava a música, amava seu violão, amava o Carnaval. Qdo jovem, junto de meu avô materno- um grande desbravador das matas virgens do norte do Paraná, e das palavras, era poeta popular - animavam os Carnavais da Pequena Londres, Londrina, ainda povoada por onças, jaguatiricas , macacos e outros animais selvagens. Não tinha pra ninguém, qdo a dupla chegava, aí sim começava a folia. O grande hino do Carnaval da época, fora composto por ele : Londrina, Londrina, Londrina do meu coração, aguenta firme ó rapaziada, pega a namorada e entra no salão, … E todo mundo entrava. Esta marchinha animou não só os primeiros carnavais da pequena Londres, mas todas as festas das famílias Palma e Carvalho. Não podia faltar, jamais. Era a primeira marchinha a ser pedida ao Edgar. E o que, saudosamente, relembramos ontem, eu e minha filha, foram exatamente esses encontros, inesquecíveis, memoráveis, da família. Ficou um: início dos anos 2000, em uma tarde de Carnaval quente, o Dega sentado na varanda, conversa vai, conversa vem, depois de saber que os netos não iriam a nenhum baile, pegou no violão e começou a cantar, Allalah ô , ô ô ô ô ô ô , “mais” que calor ô ô ô ô ô ô , … imediatamente, eu, a mana Rufa, minha mãe e os netos nos juntamos a ele e ali mesmo fizemos nosso carnaval, sem serpentina, sem confete, sem fantasia, sem cerveja nem lança perfume, mas com muita alegria. Cantamos todas as marchinhas. O melhor Carnaval da minha vida.