LIMABARRETEANDO...
Homenageado na Festa Literária de Paraty/ RJ - 1917.
RIO DE JANEIRO - Carioca do bairro de Laranjeiras, viveu entre os subúrbios e os cafés do Centro da cidade. Forte discriminação racial sobre ele. Viveu 41 anos.
1---SÃO PAULO - Relação conturbada com alguns intelectuais paulistas.
A--MONTEIRO LOBATO - Único editor que lhe pagou um adiantamento para publicar um romance. Intensa correspondência entre 1918 e 1922, embora jamais conhecimento pessoal; conversavam sobre LIMA (já vivendo seu drama), colaborador em "A Revista do Brasil", editada por LOBATO, negociações sobre lançamento do romance "Vida e morte de M. J. Gozaga de Sá" (saiu pela primeira vez em 1955) e comentários sobre a literatura da época. -----Assimetria: um, amanoense aposentado dos subúrbios X outro, emergente capitalista das letras, na visão futurista de que, mais tarde, principalmente nos iivros de LIMA e em alguns de MACHADO DE ASSIS brasileiros sentiriam o Rio e suas mazelas, do superior salão a inferior Sapucaya (coleta de lixo). ----- No livro atual sobre as cartas, o paulista abre o bate-papo: "Ninho de medalhões e pérolas, a revista clama por gente interessante (...) LIMA BARRETO (...) segredo de bem viver e melhor dizer (...) sem preocupações de toilette gramatical....................." / estilo de Coelho Neto, que era alvo constante das críticas de LIMA nos jornais.
B--SEMANA DE 22 - SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA, SÉRGIO MIILLIET, OSWALD DE ANDRADE e MÁRIO DE ANDRADE liam e admiravam os contos e crônicas de LIMA ns revistas ilustradas: estilo direto, precisão descritiva da frase, atitude antiliterária e limpeza da prosa. ----- Em 1922, BUARQUE, em mudança para o Rio, quis apresentá-lo à revista "Klaxon", criada naquele anos pelos paulistas, levou um maço de exemplares e quem, logo cedo, abriu a porta da Livraria Schettino foi um negro, mal dormido, logo "amaldiçoando a chegada de um novo freguês" - reconheceu um impaciente LIMA , porém foi incapaz de convencê-lo a juntar-se à revista, "..imitação das revistas americanas de automóvel" (no dizer de LIMA). O 'desencontro' se estendeu na revista "Careta", muito popular, circulação significativa e nacional: episódio de critica aos "futuristas paulistas", com revide na próxima edição de "Klaxon", autoria (não assinada) atribuída a MÁRIO, chamando LIMA de "escritor de bairro". Projeto literário e desejo de ambos, LIMA & paulistas: comunicação com um público amplo. Farpas históricas com ´MÁRIO DE ANDRADE e à frente SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA, troca de diálogos irônicos.
2---FEMINISMO - Criticava as feministas /muita ironias sobre liderança!/ por postura de 'seitas e igrejinhas', mas foi voz ativa na condenação extrema do feminicídio. "Deixem-nas amar à vontade. Não as matem!" - crônica de 1915 sobre os crimes passionai - considerações de que homem não pode ter domínio absoluto ou desprezo sobre a mulher rebaixada à condição de "cousa, animal doméstico, propriedade", e sim muita afeição. Ele achava que as feministas só queriam a eamncipação das clsses mais altas. Duas principais questões da época: a defesa dos direitos das mulheres a qualquer escolha (entretanto o escritor lhes negava o voto, por exemplo, e educação formal, mas ao mesmo tempo defendendo o divórcio) e luta contra o feminicídio deram-lhe a fama de polemista. Em especial a crônica "Não as matem", destaque numa quintologia, atinge a atualidade do século XXI... Muitos uxoricidas! Uma das primeiras vozes contra a condenação branda ou absolvição do macho "matador de mulher". Para ele, o costume do direito de matar era "selvagem e bárbaro". Contradições de sua vida - misógino por crítica, não casou e viveu distante das mulheres, daí talvez a representação monocromática das personagens femininas no geral, seu ponto fraco na função de escritor - porém, em 6 romances, a palavra 'mulher' aparece 455 vezes.
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FONTE:
"Lima e os paulistas" e "Não as matem" - Rio, jornal O GLOBO, 22/7/17.
F I M