UMA VISITA AO CASTELO DE EDIMBURGO
 
Após enfrentar a subida da Royal Mile, chego ao Salão Principal do Castelo de Edimburgo, onde assistiria a uma palestra sobre a história do lugar. Minutos depois de sentar-me, o aroma do “Eau de Parfum L’Envol” de Cartier, levou-me a olhar à esquerda. Ao meu lado, o ex-marido. Surpresa, perguntei-lhe:
O que fazes aqui?
Estou a passeio. E tu? Nunca gostaste de nada!
Ao pedirem-nos silêncio, engoli o comentário. Eu detestava praia, pescarias e badalações noturnas. Viajar? Era só à casa dos sogros. Diferente...
Terminada a palestra não o vi mais. Juntei-me ao grupo e iniciamos a visitação.
A arquitetura do castelo, embora gótica e riquíssima em detalhes, era sombria e fria. No pátio, além de estátuas, brasões, figuras medievais e recursos bélicos, a belíssima Capela de Santa Margarida. Tudo ali era fascinante e permitia-me viajar ao passado.
Ao passar por um café, uma senhora acompanhada de duas meninas chamou minha atenção. Aproximei-me e lhe convidei a juntar-se ao grupo. Nada disse, ignorando-me por completo.
Antes de descermos à parte inferior do Castelo, para visitarmos a Exposição Prisioneiros de Guerra, passamos na Sala da Coroa, onde estão as Honras da Escócia, datadas do final do século XV e início do século XVI: a coroa, o ceptro e a espada de estado, assim como a Pedra do Destino. A beleza das peças era estonteante; no entanto, o que me encantou foi a pedra de cristal do ceptro. Um esplendor!
Depois de muito caminharmos, saímos num área com vários prédios em ruínas. Dividimo-nos em três grupos. As direções tomadas ganharam o formato de um triângulo. Concluí que tínhamos saído de um dos sistemas de túneis subterrâneos que liga o castelo à cidade antiga de Edimburgo.
 
Sem entender o que estava acontecendo, parei, olhei à minha direita e gritei:
Raquel?
Uma garota acenou-me com a mão e continuou sua andança.
Olhei para a boca do túnel e falei:
O que vão fazer?
A mulher do café respondeu:
Vamos aguardar a posse do Fran.
Olhei para o garoto que estava ao meu lado, sorri-lhe e aconcheguei-me em seus braços.  
 
Meu sonho foi interrompido pelo som da sirene de uma ambulância que passava na rua em frente do condomínio onde moro.

Imagem - Créditos: Gustavo Costa Brasil
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 10/02/2018
Reeditado em 10/02/2018
Código do texto: T6250076
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