____________É CARNAVAL!
 

Hora da Folia! O País do Carnaval dá pause na realidade e pede cinco dias de licença para esquecer as mazelas da vida. Começa no sábado, termina na quarta? Quem falou! Em muitos lugares o bumbo começa muito antes e só com muito esforço para se calar, mergulhando cinzas adentro até cair no silêncio dos cansaços.

Carnaval, do latim carne vale, vale tudo? Não deveria, mas parece. A concessão para a esbórnia costuma invadir territórios delicados e passar ao largo dos princípios do respeito. Tanto que ondula por aí o movimento do Não é Não! campanha que vem lembrar limites aos brincantes mais atrevidos: se divertir é bom, mas com elegância é melhor ainda.

Ah, já não se fazem carnavais como antigamente, dirá o grito dos saudosistas de plantão, tirando do baú as boas e velhas marchinhas com suas letras alegres e divertidas, seus Pierrots apaixonados, misteriosas Colombinas e Arlequins malandros. Outros, reviverão a magia dos bailinhos carnavalescos, palco de histórias de amores duradouros, tempos ingênuos em que o máximo do máximo nos salões era a bagunça saudável do confete e serpentina.

Sinto informar, mas vai longe o tempo das marchinhas, senhores saudosistas! Distraiam as criancinhas em casa nos horários nobres: As ruas estão tomadas por seres esdrúxulos portando suas máscaras hediondas. Malocados em blocos regados a álcool e outras drogas, eles se acabam em funks pesadíssimos, tremendo o chão com suas batidas retumbantes, vomitando letras escabrosas, que passam longe de camélias que caem do galho, e morrem depois de um suspiro.

Não, nada também de sofridos Pierrots, ou inocentes Colombinas. O que se vê é uma geração de desavisados, libertos muito cedo e longe de olhares protetivos, que se lançam loucamente à aventura — e a bandidagem, é claro, só de olho nas oportunidades de ocasião. O Carnaval de rua, cada vez mais desvirtuado tem dado medo, essa é a verdade, e muita gente tem preferido distância dele. O Vou pra roça descansar, pelo menos por aqui, já é prática frequente. Ó abre alas, que eu quero me salvar!

 Enquanto isso, na Sapucaí, um mundo absorto e paralelo, desfila sua festa de brilho e glamour, que não resguarda também, sequer vestígios de outros carnavais: focados em seus sambas-enredos mirabolantes, o que dá as cartas é o Vamos ver quem brilha mais. Para alguns, ostentação e títulos; para outros, choro e vela, tornando as Cinzas ainda mais cinzentas. E viva a competitividade! Ano que vem tem mais!

E você, faz o quê no Carnaval? Cai no samba ou vai pra roça descansar? Não importa, o que você faça, só não deixe de se divertir — se possível, com consciência e responsabilidade. Afinal, passados os cinco dias da Licença Carnavalesca, o parêntese se fecha e a vida retoma seu ritmo. Cerradas as cortinas, apagadas as luzes, calados os bumbos, mantenha vivo o espírito folião. Você vai precisar. Continue a foliar a vida e, principalmente, tenha em mente: o brasileiro, quando quer, sabe mostrar sua força, sua garra. Taí, direto do Sambódromo, o maior espetáculo do mundo, exibido na TV, que não nos deixa mentir.

Portanto, firme no estandarte! Depois do Carnaval tem muita coisa esquisita pra acontecer. E que sobre isso, não reste a menor fantasia: a vida não é um carnaval de cinco dias e nossos Políticos vão continuar, sim, a sambar na cara do povo. E fechem alas, que eles querem ficar!