LIÇÕES DA PRIMAVERA
LIÇÕES DA PRIMAVERA
É primavera outra vez!
É o novo que volta a brotar para a vida, o florescer como que renova as flores do jardim. É hora de voar sobre os campos, correr por entre as flores do campo. Respirar o perfume das rosas, sentir o aroma que vem do campo.
A minha rede me espera, quero nela me deitar, fechar os olhos me envolver neste aroma e sentir na alma a doçura da paz – é primavera outra vez! Lá estou eu, é como se estivesse me fazendo dormir, fechando os olhos mas ligado em tanta harmonia no chacoalhar das folhas ao vento, das coisas que Deus criou.
Tento abrir os olhos, só por um pouco... posso ver as folhas sendo sacudidas pelo vento, elas brilham pelo reflexo da luz, ainda banhadas pelo orvalho da manhã. Os passarinhos parecem mais alegres, cantam mais alto, voam pra lá e pra cá! É primavera!
Acorda o Sabiá e já sacode as asas, os canarinhos fazem revoadas sobre as árvores do bosque, parecem estar convidando outros pássaros a vir comemorar a vida, a contemplar a primavera. Até os coelhinhos desconfiados deixam a sua toca.
Há! O quanto me sinto tolo, perdido entremeio a tanta beleza. Mas, onde eu estava que não via e nem ouvia tudo isso? Porventura os meus olhos estiveram fechados, impedidos de ver tanta beleza? Os meus ouvidos insensíveis a estes cantos?
Frente ao ninho da rola, eu desejei pegar o seu filhote – olha! Ainda tão tenro, desnudo e com poucas plumas, indefeso, mas mostrando-se seguro – o seu bico aberto ao aproximar as minhas mãos, não sei se ele queria comida, ou se defendia, ou se me agradava. Avanço com as mãos, mas logo recuo, não me atrevo a tocá-lo. Deus o fez assim!
Mas, onde estou? Entremeio aos pássaros? Onde estão os pássaros? Que pena! Foi só um momento, um sonho, uma gravação, um teatro – montado só pra mim. Mesmo assim, ainda faz bem a minha alma, os passarinhos ainda cantam, ainda há esperança para a vida. Penso em Deus e o louvo pela grandeza da sua santidade, pela criação, pela primavera que a todos conclama para o amor, a beleza, a paz! É primavera!
Quão diferente é deixar transcender ao tempo e a tudo que nos cerca, deixar aberto o coração e o corpo inteiro e envolver-se na beleza de todo a criação, estar rendido ao simples canto de um passarinho.
Deixar-se atraído os olhos para ver. Não as maldades do mundo, as cinzas da destruição, mas o moldar de uma nova vida, é como se o barro estivesse voltando às mãos do Oleiro. É como mudar de direção, se quedar ante uma pequenina flor, prestar-lhe reverencia, inclinar ao chão, conversar sozinho e dizer pra ela: Veja! Quanta beleza! Embora sozinha entre a grama, parecendo sufocada, mas radiante e cheia de vigor e beleza – a pequenina flor amarela da primavera americana. Rendido, de joelhos para uma foto, mas também um agradecimento a Deus por tanta singeleza numa pequenina flor do campo. Oh! Deus, como o Senhor é tão pródigo! Quanta beleza numa só flor.
Há! se eu pudesse contemplar todas as flores! Há! Se eu pudesse gastar mais tempo pra ouvir os passarinhos cantando. Enquanto não, apenas contemplo nesta manhã, como que tendo uma visão de que há um mundo melhor. Dirijo a Deus a minha oração, pedindo a Ele que meus olhos sejam abertos, meus ouvidos atentos às lições da primavera. Obrigado Deus pela estação das flores. Obrigado pela primavera!