A vida como é ela, em vez de como ela deveria ser
Dona Agripinia e Seu Garibaldo*, doravante “Agripaldo”, casal já na casa dos 50 e poucos anos,
Perderam de forma trágica a única filha, bala perdida.
Desconsolados com a tragédia que se abatera sobre si, resolveram que o certo seria outra criança ali para a casa alegrar, mas com a idade já fora dos padrões próprios para reprodução
Bom seria que adotassem uma criança...
Tempos depois, nas cercanias de onde moravam surgiu a notícia que “moça grávida, irresponsável, cuja genitora já criava outros dois seus filhos, "daria" o próximo, já dentro da barriga, para adoção porque não tinha "condições de criar", nem ela, nem sua mãe.
A notícia correu mundo do vilarejo e chegou à porta de Agripaldo.
E lá vamos nós à adoção à brasileira...
Agripaldo acolheu a criança em seu seio familiar, foi ao cartório e pá:
"Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena - reclusão, de dois a seis anos."
Com tudo "certo", Agripaldo fez as malas e migrou para "SumPaulo", sem saber que de parente denuncia anônima tinha surgido.
Ah! a cunhada...aquela desgraçada, "...parente é serpente..."
No caminho, a polícia da república "curitibense" abordou a família, acusada então de sequestro do infante, mas não prendeu ninguém, deu uma ajeitadinha ali nos papéis e deixou que seguissem rumo ao seu destino.
Dia desses chega uma cartinha lá do seu juiz do Pernambuco para que o casal Agripaldo vá à Justiça de se explicar ao juiz de SumPaulo porque “fizeram” o feito...
Explicaram então que não sabiam que o seu gesto humanitário e de amor em crime consistia, que hoje o rapaz tem 15 anos e vai muito bem obrigada.
E aqui do meu cantinho vendo, lendo, ouvindo, eu espero de coração que esta m... esteja prescrita.
*nomes fictícios
São Paulo, 08 de fevereiro de 2018.