eu não sabia que coisas tão pequenas davam saudades grandes

Ela achava bem peculiar minha mania de comer batata frita com sorvete. Eu achava linda a forma que ela falava “Santa Cruz do Capibaribe” e a irritava quando pedia que ela repetisse só para poder ouvir de novo.

Amo a forma singela que trocávamos nossos afetos.

Eu me sentia a própria flor azul quando ela dizia que eu era uma. E ficava na dúvida se ela usava as flores azuis porque sabia o quanto eu as amava, ou se de fato me comparava a essa arte singular da natureza – azuis da natureza são a definição implícita de arte, e ponto – mas qualquer que fosse o motivo, era doce.

O dia que ela partiu, partiu-se algo em mim. Foi tão repentina a forma que o destino se encarregou de apagar aquela sua gargalhada de quando, mesmo brava, dizia que não devia haver gente sã que não me amasse. Imagino sua alma azul vivendo em outros planos. Melhores e mais cheios de amor que o nosso.

O céu é mesmo azul? Eu queria te contar que agora eu até gosto de carnaval. Que vi umas pessoas reunidas passando pelas ruas com enfeites coloridos na cabeça, confetes e serpentinas, cantando novos baianos num ritmo alegre e vi amor ali. Que comprei um enfeite de cabeça pra mim e vou passar esses quatro dias numa praia linda, mas que entre um saracoteio e outro, quero encontrar meus momentos de silêncio com o mar. E que, inevitavelmente, voltei a escrever textos longos e cansativos.

Eu queria tanto te contar.

O nome do céu é Santa Cruz do Capibaribe? O destino age com mais peculiaridade que minha mania de comer batata frita com sorvete. Eu tô sentindo tanta saudade.

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*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 08/02/2018
Código do texto: T6248665
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