Cárcere
Ao som do forte barulho dos cadeados, entrava... Apenas municiado de armas pacíficas: Sorriso no rosto, Livro Sagrado na mão na outra um Violão e no peito um repertório cheio de canções. Não retrocedia, caminhava determinado. Lá dentro, clima pesado, nauseabundo cheiro de suor e urina. Dose pavilhões repletos de corpos que se revezavam em exíguos espaços, cercados pelas intransponíveis paredes das Leis e das Penas. Nas retinas de uns se via a implacável corrente do ódio, do orgulho, da violência e insensibilidade. Já de outros, o latente pulsar da culpa; do remorso, da inocência, da sede da nova oportunidade de viver... Como um estranho no ninho, não me sentia melhor que nenhum deles, visto que existencialmente tinha meus cárceres e delitos ocultos, estes não previstos em códigos e, como disse o Cícero: " um culpado sempre será o carrasco de si mesmo" Quem era eu pra Julga-los? Então, livre dos escudos do medo e preconceito, um Quixote sem oferecer resistência, disparava minhas silenciosas munições , confesso que o cenário aparentemente nada mudava, mas a esperança como projétil de amor o coração de um ou outra sempre acertava mostrando que a ressocialização do indivíduo é possível num sistema que para muitos é sinônimo de Inferno.