NA MEMÓRIA

“NA MEMÓRIA”

Se a minha deficiência não fosse tão covarde e permitisse a mim poder gritar

Com certeza muita coisa não ficaria assim

Nem meus pais teriam que suportar tamanha humilhação quando lutam pelo meu bem-estar.

Sou apenas mais um número no senso, mas falta bom senso para que eu receba atenção.

Com gestos vazios dou o meu grito, de retorno ao vento: somente interrogação.

Eu quero estar na lua, não em frente à televisão

Quero sair as ruas e mostrar que eu sou um cidadão, faço parte de uma multidão

E enquanto os gritos e zumbidos ecoam, no peito bate um coração.

Se eu pudesse fazer algo diferente além de chorar

E esperar que meus pais me carreguem para me levar para o outro lado da plataforma

Já que o trem vem em linha contrária, eles veriam que o meu medo não é de cair.

Confio nos braços do meu pai

Meu medo é de que ele desista e ache que eu não o amo.

Que eu também vou deixa-lo para traz.

Assim como fizeram aqueles que para ele disseram:

- Dos seus serviços, não precisamos mais...

Deleycruz