Trato com o diabo
Trato com o diabo
Já ouvi muitos casos de pessoas que fizeram trato com o diabo.
Violeiros, em busca da superação, Guerreiros para terem o corpo fechado.
Nos jogos de azar, dizem que isso é comum. No final o demo cobra sempre a sua parte.
Parece que até apaixonados como o caso do Fausto de Goethe, dá se a este tipo de oportunidades e depois sofrem ao terem que pagar a conta.
Mas o que eu nunca ouvi foi de trato entre um poeta e o Diabo. O diabo não corre risco. Nunca vi um poeta fazendo acordos para encontrar a rima perfeita, o verso encantado.
O diabo sabe que os poetas são instáveis, têm humor lábil. Mudam com o vento. Riem quando devem chorar, choram quando deveriam sorrir. Depois encontram beleza, e sabedoria profunda em coisas insignificantes.
Dizem que o diabo, imagina que não tem como puni-los. Se estiverem no inferno astral, inventam versos de escape. Se estiverem em solidão inventam amores. Uma vez, um poeta disse que se lhe rasgassem um verso ele inventaria outro. Eles escrevem em arvores, na areia, como fez Anchieta, nas paredes das prisões. Em plena batalha inventam papéis em branco. Escrevem no ar.
Li sobre um poeta que chamava o diabo de amigo, seu lado espelho. A sombra de Deus. Riobaldo o herói do Grande Sertão, disse que: “Deus faz a mira e o diabo puxa o gatilho"
Os poetas de alguma forma sabem disso.
Sabem com o coração