Notícias do Meu Bonsai
Há alguns anos, meu marido foi presenteado com um bonsai – para quem não sabe o que é, trata-se de uma técnica japonesa que faz brotar árvores em pequenos vasos. Deixei-a sobre uma mesa na sala de estar, mas ela começou a ficar amarelada – não sei como cuidar de bonsais, e naquela época, sequer teria tempo para pesquisar sobre isso. Decidi colocá-la na varanda, onde achei que, estando exposta à luz natural, ela ficaria mais feliz, o que provou ser verdade.
Dias mais tarde, um jardineiro que trabalhava para nós naquela época plantou-a em um canteiro atrás da casa. Só vi o que ele tinha feito quando ele já estava de saída, e me chamou, todo orgulhoso do canteiro que acabara de fazer. Ao ver o meu bonsai plantado no chão, tentei esconder minha decepção; afinal, não queria magoá-lo.
Um dia, ele foi embora, e outro jardineiro começou a trabalhar aqui. Àquela altura, o bonsai já tinha crescido alguns centímetros, e pedi a ele que o transferisse para um vaso maior, pois o canteiro em questão não tinha espaço para uma jabuticabeira – acho que me esqueci de mencionar que o bonsai era uma jabuticabeira, árvore frutífera que pode crescer muito.
E lá ele permaneceu até o último sábado.
O vaso estava próximo à porta de entrada da casa, e todos os dias, ao passar por ele, eu via aquela árvore querendo ‘ser’, querendo crescer e transformar-se no que ela verdadeiramente nasceu para tornar-se: uma jabuticabeira alta e frondosa, os frutos colados aos galhos e tronco, alimentando centenas de passarinhos. Aquilo estava começando a me deixar angustiada, não sei bem porquê. Ela parecia querer jogar-se para fora do vaso. Várias vezes tentei convencer meu marido a plantá-la no chão, mas o nosso terreno não é grande, e já temos nove árvores plantadas nele. Meu marido dizia: “Não, já temos árvores demais! Daqui a pouco não conseguimos chegar à porta da casa, e isso aqui vai virar uma floresta!”
Mas finalmente, na última sexta-feira, nosso amigo e atual jardineiro conseguiu convencer meu marido, e o ex-bonsai foi plantado no chão. Tive a impressão de que ele se libertou; os galhos se abriram mais, e a árvore parecia sorrir. Desde então, uma pequenina cambaxirra tem pousado nos galhos todos os dias, talvez sonhando com o dia em que eles estejam cheios de frutinhas. Olhando para ele agora – apenas três dias após ser plantado – já percebi brotinhos rosados de novas folhas que estão nascendo. Acho que ela vai crescer rápido!
Observando o meu ex-bonsai, concluí que todo mundo precisa de espaço para ser o que é. Às vezes, somos colocados em vasos apertados, talvez até por pessoas bem-intencionadas que acham que sabem o que é melhor para nós. Nem percebemos o quanto nos tornamos atrofiados, meros objetos de decoração nas vidas de tais pessoas, que nos exibem com orgulho enquanto nos impedem de sermos quem somos. É preciso que nos plantemos no chão; não teremos mais o conforto de sermos regados e adubados; precisaremos aprofundar nossas raízes e colhermos, nós mesmos, o nosso alimento das profundezas da terra. Porém, tal esforço fará que cresçamos tudo o que temos para crescer, e nos tornemos seres férteis, livres e completos.
Há alguns anos, meu marido foi presenteado com um bonsai – para quem não sabe o que é, trata-se de uma técnica japonesa que faz brotar árvores em pequenos vasos. Deixei-a sobre uma mesa na sala de estar, mas ela começou a ficar amarelada – não sei como cuidar de bonsais, e naquela época, sequer teria tempo para pesquisar sobre isso. Decidi colocá-la na varanda, onde achei que, estando exposta à luz natural, ela ficaria mais feliz, o que provou ser verdade.
Dias mais tarde, um jardineiro que trabalhava para nós naquela época plantou-a em um canteiro atrás da casa. Só vi o que ele tinha feito quando ele já estava de saída, e me chamou, todo orgulhoso do canteiro que acabara de fazer. Ao ver o meu bonsai plantado no chão, tentei esconder minha decepção; afinal, não queria magoá-lo.
Um dia, ele foi embora, e outro jardineiro começou a trabalhar aqui. Àquela altura, o bonsai já tinha crescido alguns centímetros, e pedi a ele que o transferisse para um vaso maior, pois o canteiro em questão não tinha espaço para uma jabuticabeira – acho que me esqueci de mencionar que o bonsai era uma jabuticabeira, árvore frutífera que pode crescer muito.
E lá ele permaneceu até o último sábado.
O vaso estava próximo à porta de entrada da casa, e todos os dias, ao passar por ele, eu via aquela árvore querendo ‘ser’, querendo crescer e transformar-se no que ela verdadeiramente nasceu para tornar-se: uma jabuticabeira alta e frondosa, os frutos colados aos galhos e tronco, alimentando centenas de passarinhos. Aquilo estava começando a me deixar angustiada, não sei bem porquê. Ela parecia querer jogar-se para fora do vaso. Várias vezes tentei convencer meu marido a plantá-la no chão, mas o nosso terreno não é grande, e já temos nove árvores plantadas nele. Meu marido dizia: “Não, já temos árvores demais! Daqui a pouco não conseguimos chegar à porta da casa, e isso aqui vai virar uma floresta!”
Mas finalmente, na última sexta-feira, nosso amigo e atual jardineiro conseguiu convencer meu marido, e o ex-bonsai foi plantado no chão. Tive a impressão de que ele se libertou; os galhos se abriram mais, e a árvore parecia sorrir. Desde então, uma pequenina cambaxirra tem pousado nos galhos todos os dias, talvez sonhando com o dia em que eles estejam cheios de frutinhas. Olhando para ele agora – apenas três dias após ser plantado – já percebi brotinhos rosados de novas folhas que estão nascendo. Acho que ela vai crescer rápido!
Observando o meu ex-bonsai, concluí que todo mundo precisa de espaço para ser o que é. Às vezes, somos colocados em vasos apertados, talvez até por pessoas bem-intencionadas que acham que sabem o que é melhor para nós. Nem percebemos o quanto nos tornamos atrofiados, meros objetos de decoração nas vidas de tais pessoas, que nos exibem com orgulho enquanto nos impedem de sermos quem somos. É preciso que nos plantemos no chão; não teremos mais o conforto de sermos regados e adubados; precisaremos aprofundar nossas raízes e colhermos, nós mesmos, o nosso alimento das profundezas da terra. Porém, tal esforço fará que cresçamos tudo o que temos para crescer, e nos tornemos seres férteis, livres e completos.