SONS
SONS
Ao fundo o ecoar do som de um surdo, que não incomoda surdos ou amantes da folia. A essa hora de sono, insones pulam nas ruas, outros tentam pregar os olhos.
Os que lá estão, incansáveis em pulação, azaração, cuidado, Não é Não, entre suores, alegria desvairada, esquecem o cotidiano, fazem desse momento a expiação de tantas desgraças celebradas todo dia. Ao fim da madrugada, com o raiar do dia, ficarão espalhadas pela passarela, sujeiras diversas, vômitos, alguns moradores de rua passageiros, algum encontro marcado, algumas ilusões e catarse breve, logo desfeita a um novo despertar. Aos que estavam ao longe, apenas ao eco, resta tentar cair nos braços de Morfeu, tentando sem morfinas, locomover-se em sonhos que momentaneamente os privem da realidade.
Durma-se com os barulhos das orgias contemporâneas de todos os dias, sem surdos, mas com panelas que deveriam soar sem parar.