Dependência do Celular

Sempre critiquei os adolescentes e até julguei pessoas por serem tão dependentes de um celular. Considerava um absurdo, adolescentes em crises de estresse por terem perdido seus aparelhos celulares, quebrado ou simplesmente os pais terem confiscado por um mau comportamento.

Tinha lido algo em relação ao individualismo causado por tais aparelhos e ao passar pelas pessoas nas ruas, observava todos no seu mundo fechado na vida real e abertos no mundo virtual. Uma roda de amigos em plenos 15 anos, por exemplo, todos conectados as redes sociais, um sem olhar para cara do outro compartilhando o seu encontro na praça.

E os "selfies" então! Meninas se tornam mulheres cheias de atitude e personalidade por meio de aplicativos de efeitos de imagens. “Vou postar”, “curtir”, “tenho dez mil seguidores” essa é a linguagem da juventude atual, e eu então no antiquado pensamento de quem não nasceu na era digital achava absurdo o comportamento dos que são conhecidos como os “nativos digitais”.

Tenho redes sociais, Facebook, Whatsapp, Instagram e demais aplicativos que facilitam nosso dia a dia, principalmente eu que moro em outra cidade devido o trabalho e preciso me comunicar com a minha família. Não me considerava uma pessoa viciada ou até mesmo fanática pelas redes. Tinha essa opinião até o dia meu celular quebrou em plenas férias e acabei passando quase um mês sem um. Nada dos meus contatos pessoais, bisbilhotar o perfil ou " status" dos meus amigos, nada.

Nos primeiros dias tudo bem, podia acessar meu Facebook no computador, e nas horas vagas lá estava eu acessando. Os dias foram passando e um estresse me consumia, ia trabalhar, mas sentia uma extrema monotonia. Quem mora sozinho em uma cidade que não conhece ninguém sabe bem o que quero dizer. Irritava-me facilmente, e não havia me dado de conta que tudo aquilo era falta de um celular que todos os dias me invadia com uma serie desordenada de informações, sim, eu estava com o que pode ser chamado de “abstinência das redes”. Aquilo foi um choque, logo eu que tecia críticas às pessoas que eram dominadas por aquele aparelho.

Não havia outra saída, não queria me enquadrar naquelas estáticas, só me restava uma coisa a fazer, tinha que procurar algo que ocupasse meu pensamento com um prazer que me tirasse da realidade.

Ali estava, bem na minha estante, Dan Brow e seu Robert Lagdon, comecei a ler e quando dei por mim tinha consumido aquele livro de quatrocentas e trinta e duas páginas em três dias. Foi a minha libertação. Peguei meu computado e foi assim que cheguei até aqui para produzir essa primeira crônica.