Contudo, insurreto

Carnaval, há nessa época uma série de coisas que me chamam atenção; é um período que gosto especialmente as entrelinhas, a alegria imaginada a sacanagem sugerida. Os desfiles, as máscaras, as Escolas de Samba, o Frevo e o Maracatu, os blocos - nomes de bloquinhos então, aí sim, é muito surreal, tipo “largo do machadinho, mas não largo meu suquinho”, “México Travado”, “Os soviéticos”, “vamos E.T” e outros e outros.

Nos tempos idos, frequentei diversas, digamos, tendências culturais, algumas francamente abstratas, mais estruturadas no real outras, perdidinhas umas, idiotas a maioria e, nessa maioria, havia uma ala com ares intelectuais, composta por alucinados carnavalescos.

Em um encontro desta turma, sugeriu-se um dia a criação de um bloco, mas não um bloco qualquer; um bloco que discutisse de maneira clara e concisa as mazelas sociais e levasse essa bandeira, rústico pavilhão. Desentocando instrumentos, colocando drive na voz, afinando as canelas e chutando os ais!

Saiu o bloco sem nome, mas que precisava ser batizado. Inúmeras propostas, sugestões mil, nenhuma que agradasse, no entanto; exigia-se um nome que contivesse magia, alegria, arte, diversidade idiomática, que fosse antes e acima de tudo anárquico. No terceiro escalão, surgiu a luz – Contudo insurreto, ficou!

As coisas foram, os anos rolaram, o bloquinho agonizou – mas não morreu – em uma região além da imaginação, nas noites pré-carnavalescas ainda sai, solitário batuque, mas sai.

Luizinho Trocate
Enviado por Luizinho Trocate em 03/02/2018
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