Um mundo que ficou no passado-3
Continuando aquilo que havíamos começado,
... a pescaria terminava e logo corríamos para casa, afim de comer os peixinhos, que na maioria das vezes era frito mesmo. Sim, frito na gordura de porco, que havia sido preparada dias antes, estava armazenada em latas de 18 litros, juntamente com o suã; o pernil e lombo recheados.(recheio: pimenta do reino, alho, cebola e sal).
Hora do jantar - lá pelas 18:00 horas e o dia já apresentava cansaço e as luzes do arrebol cada vez mais turvas. Não demorava muito e chegava a hora de dormir e se apresentava rapidamente e cada um em suas camas, algumas conversas e a turma ia desmaiando de tanto sono e cansaço do dia de trabalho. Porque, fazenda é assim: trabalho, trabalho, fazendo e fazendo...Fazenda é sempre fazendo. O capim cresce muito e em uma semana o mato também já estava alto. Precisa de uma carpina e isto era conosco mesmo. O velho quando ia para a cidade vender os produtos da fazenda: ovos, queijo, feijão, milho , laranjas, farinha etc..., deixava a ordem: quando chegar de volta da cidade que ver este quintal todo limpo e ái!! daqueles que não cumprisse suas ordens. Mesmo cansados nós tínhamos que capinar (carpir) sem descanso, pois, ele estava para chegar. Às vezes nossa maezinha, com medo de que ele nos punisse, nos ajudava com a tarefa, pegava a enxada e capinava (carpia) também, como se já não bastasse o seu serviço , que era todo o dia, lavar roupas, fazer o almoço e jantar, dar banho nas crianças menores e outros quefazeres na roça etc... Mas, ela era mesmo uma santa e nos protegia de toda a maldade do outro. Não eram raras as vezes que ela nos socorria. Muito preocupada e com razão, pois, o velho chegava aceso e com uma certa raiva na cabeça...Ele aparecia lá no morro cantarolando o "hino nacional", Nós, raramente podíamos ir com ele, ele não nos levava, jamais... A gente só ficava na imaginação, como era a cidade e só ficava na mente a imagem dele sumindo no morro, na curva da estrada e pronto. chegava muito tarde, não se sabe lá o que ficava fazendo na cidade...? Hoje compreendo bem esta situação.
Mas, no dia seguinte, ele fiscalizava e notava que algum de nós estava gapiovando ou capiovando...Era quando o agricultor enterra mato vivo, sem arrancá-lo por completo.
Ainda na tenra idade, quando andava pelos campos, beira de córregos e rios, às vezes pescando um peixinho aqui outro alí, ou ainda tomando um belo banho de rio.
Andando pelas pastagens avistamos um pé de juá, era mais ou menos à altura de 1,80, ( um metro e oitenta), espinhos finos pontiagudos de cor avermelhada, medindo 3 centímetros ou menos. Retirar uma daquelas deliciosas frutas do juazeiro manso, de cor amarelada era tarefa não muito fácil, pois, além dos espinhos nos galhos, o acesso à planta era extremamente difícil pela quantidade de espinhos pelo chão. Às vezes estava calçado com botinas "cara de vaca" ou até mesmo uma sandália Havaiana. Mas, sempre era possível retirar alguns frutos e que coisa deliciosa.
O campo oferece uma quantidade imensa de frutos, e naquela região onde cresci "Goiás" em nossa fazendinha, existiam e ainda creio existir muitas espécies de [arvores frutíferas: Tínhamos o cajú, o cajuí, o "bacuparí" ou ", muricí, Ingá, gravatá, mangaba,jerivá, lobeira, mama-cadela,ananaz, jatobá, pequi, guariroba, coco tucum, amora, manga rosa, manga comum, manga coca, manga espada, abacate, laranja lima, laranja comum coité, limão china, limão galego,jaboticaba, coco gueroba, banana roxa, banana nanica, banana maça, banana prata, banana ouro, pacovan, banana marmelo (própria para fritar), Araticun e outra fruta como diziam pela região, A "marmelada de cachorro", que normalmente era encontrada às margens dos rios e córregos, mas, o difícil era retirar algumas, pois, além das galhadas se debruçarem sobre o leito do rio, ainda tinha que contar com a sorte de não cair na água e neste caso os peixes chegavam primeiro e arrastavam para o fundo do poço.
Uma passagem muito rápida: estava este que vos escreve, andando pelos campos e de repente avistei um pé de lobeira. O cheio que exalava debaixo deste pé de lobeira era irrecusável. Então, este que vos escreve tomou em suas mãos uma dessa frutas, que pesava mais ou menos 600 gramas ou mais e observou que estava amarelada, mole e bastante suculenta. Abri a mesma com as próprias mãos e comecei a comer. Não passaram 15 minutos e me senti o estômago apertando e num segundo aquilo voltou pela boca, vomitei tanto que jamais tinha vomitado. A fruta é suculenta, cheirosa e meio doce, mas, não sei o que realmente aconteceu. Na roça sempre ouvimos alguém dizer: fruta que pássaros come, o homem também come. Mas, no caso esta fruta é especiaria dos lobos e eles tem estômago de ferro. Nunca mais provei esta fruta "lobeira"...
O momento mais delicioso desta época, era a hora da pescaria em beira de córregos, geralmente, como era de costume, assim que caía uma boa chuva, as águas dos rios e córregos se tornavam turvas, avermelhadas e era o momento especial para se pescar "mandis ou bagres", pois, eles saem das tocas em busca de alimentos e então era lançar o anzol com uma minhoca e e fisgada era fatal. Também existe um peixe que costumávamos denominar "ferreirinha", era mais ou menos de um palmo ou menor, mas, era de fácil acesso, fisgava geralmente em anzol bem pequeno, chamado por nós de "olho de mosquito", era talvez o menor anzol existente. De vez em quando perdíamos uns desses, enroscando em raízes no fundo do rio, mas, era feita a reposição imediata. Também, fazíamos a pescaria com linha de espera, jogávamos uma linha grande sem vara e era fixada com um pedaço de toco à beira do barranco e era esquecida alí, até que começasse a ser puxada por algum peixe maior, raramente pegávamos algum peixe.
Mas, o mais importante de tudo isto era a tranquilidade que aquilo traz para a gente. Ficar alí observando o balanço das águas o seu barulho e os barulhos dos bichos, grilos, sapos, pássaros etc...
Quando o dia já estava no fim, lá pelas 17:00 hs, era hora de aproveitar um pouco daquele poção, tomar banho no poção era coisa trivial e costumeira e era todo dia. Os primos vinham de longe só para aproveitar este poção. Que maravilha da natureza, rio Sapezal, fazenda varginha ou varzeazinha. Grandes momentos da nossa infância foram passados naquele lugar. Alí aprendemos a nadar, viver em grupo e respeitar as diferenças das pessoas, uns eram de uma agilidade incrível outros não. Nadar em rio de correnteza é preciso força e coragem e atravessar de um lado para outro das margens do rio era ato de muita coragem, quem não ia era medroso. Alguns por serem ainda muito pequenos, não se arriscavam muito, mas, os maiores saiam na frente.
No dia seguinte, começava tudo de novo.
O velho destribuía as tarefas do dia e se mandava para a cidade, vender alguma coisa que produzia na fazenda, queijos, ovos, farinha etc...
Mas, bem antes de sair com o seu Jeep, azul desbotado, traçava o que precisávamos fazer. Os serviços eram variados, às vezes era carpir, outras vezes preparar covas de bananeira e por fim também tínhamos que arrancar ervas das matinhas que ladeavam os córregos e rios, ervas do tipo botão roxo e botão branco. Estas, se ingeridas pelo gado, a morte era certa. O animal come aquela erva e a sua pança inchava tanto que parecia que iria explodir. Acredito que o organismo do animal passava por uma espécie de travamento total, então era fatal.
Mas, o mais interessante naquilo tudo, quando as ordens eram dadas, teriam que serem cumpridas, senão, o "coro cantava".Às vezes amendrontávamos, com seu chicote "rabo de tatú" ou pinhola, própria para cavalgar e açoitar o cavalo.
No final da tarde, era a hora de parar, olhar para trás e ver que o serviço estava concluído, pois, o velho iria fiscalizar e ver se não estavam "gapiovando", enterrando o mato com terra.Ás vezes nossa querida mãe sempre nos ajudava a terminar a tarefa, com medo de que algum de nós viéssemos a sofrer as agressões por não ter concluída a tarefa, mas, no final dava tudo certo.
No mesmo dia, antes do final da tarde, tínhamos o sorteio de quem iria parar mais cedo para apartar o gado. Que consistia em pegar o cavalo, colocar os arreios e sair pelo campo em buscar das reses e como era de costume, elas já sabiam o caminho. Era somente fazer o abôio e todo s já estava caminhando pelas trilhas em direção ao curral com seus respectivos bezerros. Acontecia de alguma rês rebelde se desvincular do grupo e então dar um trabalho a mais, mas, normalmente tudo se resolvia tranquilho. Também, acontecia de alguma rês estar de bezerro novo, fato é que nessa situação ninguém poderia chegar perto, pois, o ciúme é imenso e nos aproximar demais seria risco e o animal fica furioso e parte pra cima do cavalo. Acontece de haver o abandono pela mãe da cria, então este precisava ser levado na sela do cavalo até à sede da fazenda, ser alimentados, geralmente com ovos caipira e leite e em poucos dias , e retirando os sapinhos de sua lingua, já poderia alimentar-se sozinho , mamando nas tetas da mãe.
Tudo bem a noite chegou. Lá se ouviam os assovios do velho pai, geralmente era o hino nacional, ou alguma marchinha de carnaval da época, incrível como gostava desse hino, parece que espantava os bichos da noite escura. Mas, era bom ouvir aquilo, ou a gente tolerava, pois, não podíamos dizer nada.
Então a vida passava. Estávamos crescendo, tomando consciência das coisas. Para nós era tudo normal, mas, de agora em diante começava o período escolar na roça ainda, mas, esta será no próximo texto.
Abraços,
John...!!!
"mandi ou bagre"= peixe comum nos córregos e rios, peixe de couro, sem escamas
"bacupari= fruta encontrada às márgens dos rios de goiás , em geral possuem quatro ou cinco caroços carnudos de cor transparente, muito doce.
"cara de vaca'= botina feita de coro de vaca.
"olho de mosquito"= pequeno anzol próprio para pescar os peixinhos menores.
"ferreirinha" =peixe de pequeno porte com escamas em vermelho e preto, mas, muito saboroso quando frito.
"coro cantava" = apanhar de cinto ou pinhola 'rabo de tatú"
(continua...)
Hora do jantar - lá pelas 18:00 horas e o dia já apresentava cansaço e as luzes do arrebol cada vez mais turvas. Não demorava muito e chegava a hora de dormir e se apresentava rapidamente e cada um em suas camas, algumas conversas e a turma ia desmaiando de tanto sono e cansaço do dia de trabalho. Porque, fazenda é assim: trabalho, trabalho, fazendo e fazendo...Fazenda é sempre fazendo. O capim cresce muito e em uma semana o mato também já estava alto. Precisa de uma carpina e isto era conosco mesmo. O velho quando ia para a cidade vender os produtos da fazenda: ovos, queijo, feijão, milho , laranjas, farinha etc..., deixava a ordem: quando chegar de volta da cidade que ver este quintal todo limpo e ái!! daqueles que não cumprisse suas ordens. Mesmo cansados nós tínhamos que capinar (carpir) sem descanso, pois, ele estava para chegar. Às vezes nossa maezinha, com medo de que ele nos punisse, nos ajudava com a tarefa, pegava a enxada e capinava (carpia) também, como se já não bastasse o seu serviço , que era todo o dia, lavar roupas, fazer o almoço e jantar, dar banho nas crianças menores e outros quefazeres na roça etc... Mas, ela era mesmo uma santa e nos protegia de toda a maldade do outro. Não eram raras as vezes que ela nos socorria. Muito preocupada e com razão, pois, o velho chegava aceso e com uma certa raiva na cabeça...Ele aparecia lá no morro cantarolando o "hino nacional", Nós, raramente podíamos ir com ele, ele não nos levava, jamais... A gente só ficava na imaginação, como era a cidade e só ficava na mente a imagem dele sumindo no morro, na curva da estrada e pronto. chegava muito tarde, não se sabe lá o que ficava fazendo na cidade...? Hoje compreendo bem esta situação.
Mas, no dia seguinte, ele fiscalizava e notava que algum de nós estava gapiovando ou capiovando...Era quando o agricultor enterra mato vivo, sem arrancá-lo por completo.
Ainda na tenra idade, quando andava pelos campos, beira de córregos e rios, às vezes pescando um peixinho aqui outro alí, ou ainda tomando um belo banho de rio.
Andando pelas pastagens avistamos um pé de juá, era mais ou menos à altura de 1,80, ( um metro e oitenta), espinhos finos pontiagudos de cor avermelhada, medindo 3 centímetros ou menos. Retirar uma daquelas deliciosas frutas do juazeiro manso, de cor amarelada era tarefa não muito fácil, pois, além dos espinhos nos galhos, o acesso à planta era extremamente difícil pela quantidade de espinhos pelo chão. Às vezes estava calçado com botinas "cara de vaca" ou até mesmo uma sandália Havaiana. Mas, sempre era possível retirar alguns frutos e que coisa deliciosa.
O campo oferece uma quantidade imensa de frutos, e naquela região onde cresci "Goiás" em nossa fazendinha, existiam e ainda creio existir muitas espécies de [arvores frutíferas: Tínhamos o cajú, o cajuí, o "bacuparí" ou ", muricí, Ingá, gravatá, mangaba,jerivá, lobeira, mama-cadela,ananaz, jatobá, pequi, guariroba, coco tucum, amora, manga rosa, manga comum, manga coca, manga espada, abacate, laranja lima, laranja comum coité, limão china, limão galego,jaboticaba, coco gueroba, banana roxa, banana nanica, banana maça, banana prata, banana ouro, pacovan, banana marmelo (própria para fritar), Araticun e outra fruta como diziam pela região, A "marmelada de cachorro", que normalmente era encontrada às margens dos rios e córregos, mas, o difícil era retirar algumas, pois, além das galhadas se debruçarem sobre o leito do rio, ainda tinha que contar com a sorte de não cair na água e neste caso os peixes chegavam primeiro e arrastavam para o fundo do poço.
Uma passagem muito rápida: estava este que vos escreve, andando pelos campos e de repente avistei um pé de lobeira. O cheio que exalava debaixo deste pé de lobeira era irrecusável. Então, este que vos escreve tomou em suas mãos uma dessa frutas, que pesava mais ou menos 600 gramas ou mais e observou que estava amarelada, mole e bastante suculenta. Abri a mesma com as próprias mãos e comecei a comer. Não passaram 15 minutos e me senti o estômago apertando e num segundo aquilo voltou pela boca, vomitei tanto que jamais tinha vomitado. A fruta é suculenta, cheirosa e meio doce, mas, não sei o que realmente aconteceu. Na roça sempre ouvimos alguém dizer: fruta que pássaros come, o homem também come. Mas, no caso esta fruta é especiaria dos lobos e eles tem estômago de ferro. Nunca mais provei esta fruta "lobeira"...
O momento mais delicioso desta época, era a hora da pescaria em beira de córregos, geralmente, como era de costume, assim que caía uma boa chuva, as águas dos rios e córregos se tornavam turvas, avermelhadas e era o momento especial para se pescar "mandis ou bagres", pois, eles saem das tocas em busca de alimentos e então era lançar o anzol com uma minhoca e e fisgada era fatal. Também existe um peixe que costumávamos denominar "ferreirinha", era mais ou menos de um palmo ou menor, mas, era de fácil acesso, fisgava geralmente em anzol bem pequeno, chamado por nós de "olho de mosquito", era talvez o menor anzol existente. De vez em quando perdíamos uns desses, enroscando em raízes no fundo do rio, mas, era feita a reposição imediata. Também, fazíamos a pescaria com linha de espera, jogávamos uma linha grande sem vara e era fixada com um pedaço de toco à beira do barranco e era esquecida alí, até que começasse a ser puxada por algum peixe maior, raramente pegávamos algum peixe.
Mas, o mais importante de tudo isto era a tranquilidade que aquilo traz para a gente. Ficar alí observando o balanço das águas o seu barulho e os barulhos dos bichos, grilos, sapos, pássaros etc...
Quando o dia já estava no fim, lá pelas 17:00 hs, era hora de aproveitar um pouco daquele poção, tomar banho no poção era coisa trivial e costumeira e era todo dia. Os primos vinham de longe só para aproveitar este poção. Que maravilha da natureza, rio Sapezal, fazenda varginha ou varzeazinha. Grandes momentos da nossa infância foram passados naquele lugar. Alí aprendemos a nadar, viver em grupo e respeitar as diferenças das pessoas, uns eram de uma agilidade incrível outros não. Nadar em rio de correnteza é preciso força e coragem e atravessar de um lado para outro das margens do rio era ato de muita coragem, quem não ia era medroso. Alguns por serem ainda muito pequenos, não se arriscavam muito, mas, os maiores saiam na frente.
No dia seguinte, começava tudo de novo.
O velho destribuía as tarefas do dia e se mandava para a cidade, vender alguma coisa que produzia na fazenda, queijos, ovos, farinha etc...
Mas, bem antes de sair com o seu Jeep, azul desbotado, traçava o que precisávamos fazer. Os serviços eram variados, às vezes era carpir, outras vezes preparar covas de bananeira e por fim também tínhamos que arrancar ervas das matinhas que ladeavam os córregos e rios, ervas do tipo botão roxo e botão branco. Estas, se ingeridas pelo gado, a morte era certa. O animal come aquela erva e a sua pança inchava tanto que parecia que iria explodir. Acredito que o organismo do animal passava por uma espécie de travamento total, então era fatal.
Mas, o mais interessante naquilo tudo, quando as ordens eram dadas, teriam que serem cumpridas, senão, o "coro cantava".Às vezes amendrontávamos, com seu chicote "rabo de tatú" ou pinhola, própria para cavalgar e açoitar o cavalo.
No final da tarde, era a hora de parar, olhar para trás e ver que o serviço estava concluído, pois, o velho iria fiscalizar e ver se não estavam "gapiovando", enterrando o mato com terra.Ás vezes nossa querida mãe sempre nos ajudava a terminar a tarefa, com medo de que algum de nós viéssemos a sofrer as agressões por não ter concluída a tarefa, mas, no final dava tudo certo.
No mesmo dia, antes do final da tarde, tínhamos o sorteio de quem iria parar mais cedo para apartar o gado. Que consistia em pegar o cavalo, colocar os arreios e sair pelo campo em buscar das reses e como era de costume, elas já sabiam o caminho. Era somente fazer o abôio e todo s já estava caminhando pelas trilhas em direção ao curral com seus respectivos bezerros. Acontecia de alguma rês rebelde se desvincular do grupo e então dar um trabalho a mais, mas, normalmente tudo se resolvia tranquilho. Também, acontecia de alguma rês estar de bezerro novo, fato é que nessa situação ninguém poderia chegar perto, pois, o ciúme é imenso e nos aproximar demais seria risco e o animal fica furioso e parte pra cima do cavalo. Acontece de haver o abandono pela mãe da cria, então este precisava ser levado na sela do cavalo até à sede da fazenda, ser alimentados, geralmente com ovos caipira e leite e em poucos dias , e retirando os sapinhos de sua lingua, já poderia alimentar-se sozinho , mamando nas tetas da mãe.
Tudo bem a noite chegou. Lá se ouviam os assovios do velho pai, geralmente era o hino nacional, ou alguma marchinha de carnaval da época, incrível como gostava desse hino, parece que espantava os bichos da noite escura. Mas, era bom ouvir aquilo, ou a gente tolerava, pois, não podíamos dizer nada.
Então a vida passava. Estávamos crescendo, tomando consciência das coisas. Para nós era tudo normal, mas, de agora em diante começava o período escolar na roça ainda, mas, esta será no próximo texto.
Abraços,
John...!!!
"mandi ou bagre"= peixe comum nos córregos e rios, peixe de couro, sem escamas
"bacupari= fruta encontrada às márgens dos rios de goiás , em geral possuem quatro ou cinco caroços carnudos de cor transparente, muito doce.
"cara de vaca'= botina feita de coro de vaca.
"olho de mosquito"= pequeno anzol próprio para pescar os peixinhos menores.
"ferreirinha" =peixe de pequeno porte com escamas em vermelho e preto, mas, muito saboroso quando frito.
"coro cantava" = apanhar de cinto ou pinhola 'rabo de tatú"
(continua...)