"Le monde à l'envers"

“Le monde à l’envers”

A China ainda será o algoz da imensa economia globalizada do planetinha água suja. Os chineses estão crescendo sem se preocuparem com seu vôo imenso, nem tampouco com a qualidade do seu freio, se seus reversos estão ou não travados e ou pinados.

“Le monde à l’envers.” A revolução chinesa fez Mao apaixonar-se pelo capitalismo e soltar as rédeas do consumismo. Haja vista a última vedete do continente, agora sendo a bola da vez, o leite. Seu consumo bastou ser alavancado pelo apetite dos chineses, para que sua falta ocorresse no continente europeu, causando preocupação relativa ao abastecimento no resto do mundo. Em contra- partida, o preço do produto já está subindo a ladeira e incomodando o bolso dos menos aquinhoados do lado de cá do Hemisfério Sul.

Os chineses dão sinais que transgridem entre o fogão e a geladeira; entre a bicicleta e uma MWM. Lembro-me muito bem de um ensinamento que minha mãe me dizia: quem nunca comeu mel, quando come, se lambuza.

Enquanto a China dá esse pulo fantástico com o seu desenvolvimento, a Ilha de Fidel afunda-se de vez, envergonhando até os defuntos da revolução de “Sierra Maestra”. Guilhermo Rigondeaux blindou vergonhosamente o retrato da falta de liberdade que o ditador Fidel Castro impôs em Cuba. Isso não é justo. E o resto do mundo vê e ouve toda essa imundície comportamental e nada faz para livrar os cubanos dessa prisão miserável que o regime da ilha impõe a todos eles.

Se disserem que seria uma invasão da ONU, naquela ilha, um atentado à soberania do país, o que se dizer então da horrenda falta de liberdade de seus cidadãos? Isso, sim, é muito mais vergonhoso e vexatório para o regime que, segundo sua revolução, levaria Cuba a um paraíso de prosperidade. Afundou a ilha, apesar do rum, dos charutos e do açúcar. A vocação da ilha é outra: o turismo, caso a liberdade seja permitida pelo regime e volte a existir. Enquanto não, vários “Guilhermos” estarão no pugilato da fuga, pedindo asilos misteriosos por onde puderem passar.

Recentemente li esta frase de que gostei e aqui reproduzo: “flor do lodo”. Será que não poderíamos assim chamar o regime de Fidel? Com esta crônica, desejei evidenciar dois tipos de chamamentos para os dois países: China e Cuba. Duas ditaduras comunistas. A primeira cresce desembestadamente, permitindo que seus cidadãos se lambuzem com a fartura do consumismo ocidental, apesar de não lhes dar a menor liberdade. Do outro lado está Cuba, pobre e isolada, deixando que seus patrícios sejam submetidos à vergonhosa condição de prisioneiros pobres do regime.

Eu continuo a refletir sobre o socialismo que, ao meu ver, não teremos escapatória de usar em um futuro próximo, mas, jamais, retirando o nosso maior bem que é a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, etc.

A China só comerá se o Ocidente lhe fornecer a proteína de que tanto necessitam as multidões que lá habitam. Cuba só será grande se o Ocidente abrir as portas para ela.

“Flor do lodo” à parte, reversores travados ou não, falta às duas nações apenas oferecer a seus cidadãos a liberdade tão cortejada nos batedores do medo entre seus patrícios. E a China não poderá esquecer-se do Tibet, violentamente roubado de seu povo, milenarmente livre. Essa última nação, acredito, merece o maior perdão do povo chinês. “Le monde à l’envers”, é a vida...