LUCAS E O LOBO MAU
Ao Lucas de Camargo Brasil
No final do ano, Lucas foi a São Sepé visitar vó Diana e vô Quenca. Chegando, encontrou Luís Henrique e Lorenzo. Bate-papo aqui, bate-papo lá, decidiram fazer uma trilha numa mata próxima da casa.
Após o almoço, quando os adultos repousavam, os meninos partiram para a planejada aventura.
Depois de 30 min. caminhando, viram um bicho passar correndo e, logo a seguir, ouviram uivos estridentes. Os três se olharam e saíram em disparada. Lucas, ao tropeçar num galho, caiu. Luís Henrique e Lorenzo voltaram para ajudá-lo. Prontos para retomarem a corrida, pula, à frente deles, um visitante.
– Olá, Lucas! Quem são os teus amigos?
– São... são... Seu Lobo Mau, o senhor vai nos comer?
– Comer? Kkkkkk.
– Na Chapeuzinho Vermelho, o senhor engole a vovozinha.
– Aquilo é uma história boba. Não como vovozinhas nem crianças. Fiquem tranquilos. O que vocês iriam fazer?
– Íamos brincar. Queres?
– Topo.
Os meninos e o Lobo Mau brincaram de esconde-esconde e de correr entre as árvores, tornando-se grandes amigos.
Por várias tardes, encontraram-se. Lucas ensinou-lhe jogar quebra-cabeça; Luís Henrique, futebol e Lorenzo, montar lego. O Lobo ensinou-lhes a andar pela mata com cuidado, evitando ataques de outros bichos. Assegurou aos garotinhos que, no mundo, não há notícias de ataques de lobos a humanos. Afirmou que são bastante úteis aos homens, já que contribuem para um ambiente equilibrado e saudável, visto que preferem alimentar-se de animais velhos ou doentes.
Certo dia, Lucas, antes de perguntar o porquê das pessoas continuarem lhe chamando de Lobo Mau, disse ao amigo que, no domingo, retornaria a Porto Alegre. Ao ver seus olhos encherem-se de lágrimas, falou:
– Amigão, vou escrever a nossa história e, assim, todos saberão que de mau o senhor não tem nada. É tri legal!
A passos lentos, aproximaram-se; Lucas, após afagar-lhe o pelo, de mansinho foi se afastando.
Na hora da despedida, ao ouvido do avô, murmurou:
– Cuidas do Lobo Mau?
O avó, sem entendê-lo, sorriu e disse:
– Vai tranquilo, meu amor, que eu cuido.
Lucas pulou-lhe ao pescoço e lhe deu muitos e muitos beijos.
Imagem - Créditos: José Manuel Vilaboa Bernárdez