IMAGINE UM OUTRO IGUALZINHO A VOCÊ

Já nasceram nesse planeta cento e seis bilhões, setecentos e dezesseis milhões, trezentos e sessenta e sete mil, seiscentas e sessenta nove pessoas, segundo Carl Haub, pesquisador do instituto americano Population Reference Bureau, que estuda fenômenos populacionais.

É gente paca.

Mesmo com todas variações de ascendência genética, imagine que no meio desse povo todo tivesse alguém igualzinho a você, de cabo a rabo.

Num belo dia, saindo de casa você dê de cara com essa pessoa, que casualmente também passeava por aquelas bandas.

Safadeza do destino, diria.

Depois do susto, bota susto nisso, você vai fazer o teste de DNA e descobrirá que, além da semelhança gritante, vocês não têm nada mais em comum.

Esse gêmeo, nada companheiro de útero, terá exatamente a mesma idade de você, por incrível que possa parecer.

A crônica poderá ter vários desdobramentos.

Por exemplo, sua cópia fiel se apaixona pela sua mulher, com reciprocidade, e ambos fogem deixando casa, trabalho, filhos, pra nunca mais voltarem. Seria infidelidade trair você com você mesmo?...

Ou ele é um grande estelionatário que passa a dar golpes ferrando sua ilibada imagem.

Ou tem um troço e morre, sendo enterrado em seu lugar, cujo enterro você assiste disfarçado só pra ver quem chora de verdade ou dá graças a Deus por você ter batido as botas.

Ou você resolve sair do armário e se lançar numa paixão incontrolável por você mesmo, só que num outro corpo, coisa que nem Freud explicaria.

Por via das dúvidas, da próxima vez em que sair de casa, dá uma olhada pros dois lados. Vai saber...

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/02/2018
Reeditado em 02/02/2018
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