O ano 1.000.000
Inexoravelmente, o mundo segue em direção ao ano um milhão.
Impensável a ideia de que a frágil estrutura da raça humana viverá tanto.
Talvez restará um ser rastejante, disforme, uma pálida caricatura do que um dia, há um milhão de anos, foi o ser humano.
Então, que será de tudo que construímos? Escombros ainda com algum traço do que foram outrora?
Sem a humana consciência, que tudo percebe, aprecia e interpreta, de que valerão as coisas?
O mundo seguirá seu caminho sem ser notado!
Tudo que existir no ano um milhão não terá a menor importância.
Aquele ser rastejante que come a erva age por instinto. O nascer do sol apenas lhe toca os olhos, o corpo, mas não a sensibilidade que aprecia.
O próximo ano um milhão será igual ao que antecedeu a raça humana.
Humanos! Somos um intervalo entre dois caos, dois nada!
Somos uma interrupção na ordem/desordem universal.
Seres intrometidos, que ousam lançar um olhar interpretativo e crítico à obra da mãe-natureza, como se esta estivesse propensa a aceitar reparos e opiniões.
O ano um milhão não saberá que escrevi esta crônica niilista.
O ano um milhão.
Ora bolas! O ano um milhão!