Criadores
Criadores
Steve Jobs abriu a Apple com 21 anos. Um verdadeiro criador não tem agenda, não tenta criar algo específico. Zuckerberg fez o Face com 20 anos. Sean Parker tinha 19 quando inventou o Napster. A verdadeira criação é simplesmente manifestar uma paixão. Com menos de 20, Eistein já vislumbrava os rudimentos da Relatividade. Rimbaud escreveu “Perdi minha vida por delicadeza” aos 17 anos. Os Beatles, na média, estavam com 22 anos quando pararam os States com shows e entrevistas. Isaac Newton desenvolveu o famigerado Binômio de Newton com 20 anos, dois anos depois rascunhou o Cálculo Diferencial e Integral. Nem me pergunte o que é isso. Xavier de Maistre concordava sobre a possibilidade de uma criança de 7 anos tocar eximiamente um instrumento musical, mas ponderava que a mesma não poderia pintar um quadro como Rembrandt. Xavier contava com 31 anos quando escreveu "Voyage autour de ma chambre”, publicado em 1792. Mozart, que com 5 anos já compunha e planava em violino e teclado, foi levado por seu pai às principais capitais européias e apresentado como um milagre divino. Toda vez que lhe pediam para tocar, ele retrucava: com prazer, mas primeiro diga que me ama. Um autêntico criador simplesmente angaria, como se pode dizer, um arroubo de criação, de percepção, de expressão, sem motivo. Para termos crianças prodígio em larga escala precisaríamos ser, globalmente dizendo, uma civilização de 1 milhão de anos. Quem pensou numa coisa dessas foi Arthur C. Clarke, vide “Rama II”. Ele tinha 28 anos quando escreveu "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?”, ali estava o conceito de satélite geoestacionário, artefato que tanto auxilia nas comunicações. Clarke não tratava de crianças super dotadas em “Rama II”, livro escrito em parceria com Gentry Lee, engenheiro top do Jet Propulsion Laboratory em Pasadena, e sim, sobre a possibilidade de uma civilização de 1 milhão de anos. Quem está razoavelmente familiarizado com a noção "Irmãos Estelares", já sabe da existência de civilizações dessa idade. Pra mais. Rama, caso o leitor desconheça, é uma espaçonave do tamanho da distância entre São Paulo e Jundiaí. Algo em torno de 70 quilômetros. Bem, essa é uma visão. Rembrandt Harmenszoon van Rijn teve seu talento descoberto aos 23 anos. Xavier tinha razão. Uma criança de 7 anos jamais poderia fazer um retrato como o de Saskia van Uylenburgh, filha do prefeito de Amsterdã e por sinal esposa do pintor. Há algum elemento aí, que nos desconcerta, digo, além do elementar maturidade e etc. Pelé reunia 18 anos incompletos quando trouxe o Caneco em 1958. Neguim está até hoje querendo jogar bola que nem ele, e nada. Tipo de observação que deixa apopléticos os arganazes opiniosos. O tempo, às vezes, auxilia uns, a outros desfavorece. Enxadristas decanos perdem aquela capacidade que tiveram na juventude. O jogo demanda muito esforço mental. Um sujeito que foi grande mestre aos 40 anos, com 70 viu seu tino decair verticalmente. O mesmo parece não acontecer com os músicos instrumentistas. Em novembro de 2017 a web mostrou um vídeo do Heraldo do Monte, com 82 anos, debulhando a guitarra. Longe de ser caso isolado. O lendário guitarrista Jim Hall deixou o planeta em 2013, com 83. Até 2010 o cara mandava muito. Gary Burton, gênio vibrafonista, fez um tour de despedida ano passado, aos 73 anos. Dois anos antes ganhou o Grammy Award na categoria Melhor Solo Improvisado de Jazz. Xavier sabia das coisas. Ao elogiar sua própria viagem literária, que em inglês chama-se "Voyage Around My Room” e em português "Viagem ao redor do meu quarto”, ele argumenta que afinal a mesma não custa nada e é uma leitura altamente recomendada aos pobres, aos enfermos e aos preguiçosos. Somente a radiância do entusiasmo consegue manifestar algo assim. Está em qualquer ser se amalgamar na correnteza orgânica do Criador. A bem da verdade, nenhum dos citados acima encomendou uma pesquisa para saber o que o público acharia de suas criações. Bem ao contrário, a fração grandiosa de cada um tratou tudo aquilo como se fosse uma vertiginosa gargalhada de alegria. Quem sabe demora menos de 1 milhão de anos para nos tornarmos uma sociedade capacitada em lugar de uma escravizada.
(Imagem: desconheço a autoria)
Criadores
Steve Jobs abriu a Apple com 21 anos. Um verdadeiro criador não tem agenda, não tenta criar algo específico. Zuckerberg fez o Face com 20 anos. Sean Parker tinha 19 quando inventou o Napster. A verdadeira criação é simplesmente manifestar uma paixão. Com menos de 20, Eistein já vislumbrava os rudimentos da Relatividade. Rimbaud escreveu “Perdi minha vida por delicadeza” aos 17 anos. Os Beatles, na média, estavam com 22 anos quando pararam os States com shows e entrevistas. Isaac Newton desenvolveu o famigerado Binômio de Newton com 20 anos, dois anos depois rascunhou o Cálculo Diferencial e Integral. Nem me pergunte o que é isso. Xavier de Maistre concordava sobre a possibilidade de uma criança de 7 anos tocar eximiamente um instrumento musical, mas ponderava que a mesma não poderia pintar um quadro como Rembrandt. Xavier contava com 31 anos quando escreveu "Voyage autour de ma chambre”, publicado em 1792. Mozart, que com 5 anos já compunha e planava em violino e teclado, foi levado por seu pai às principais capitais européias e apresentado como um milagre divino. Toda vez que lhe pediam para tocar, ele retrucava: com prazer, mas primeiro diga que me ama. Um autêntico criador simplesmente angaria, como se pode dizer, um arroubo de criação, de percepção, de expressão, sem motivo. Para termos crianças prodígio em larga escala precisaríamos ser, globalmente dizendo, uma civilização de 1 milhão de anos. Quem pensou numa coisa dessas foi Arthur C. Clarke, vide “Rama II”. Ele tinha 28 anos quando escreveu "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?”, ali estava o conceito de satélite geoestacionário, artefato que tanto auxilia nas comunicações. Clarke não tratava de crianças super dotadas em “Rama II”, livro escrito em parceria com Gentry Lee, engenheiro top do Jet Propulsion Laboratory em Pasadena, e sim, sobre a possibilidade de uma civilização de 1 milhão de anos. Quem está razoavelmente familiarizado com a noção "Irmãos Estelares", já sabe da existência de civilizações dessa idade. Pra mais. Rama, caso o leitor desconheça, é uma espaçonave do tamanho da distância entre São Paulo e Jundiaí. Algo em torno de 70 quilômetros. Bem, essa é uma visão. Rembrandt Harmenszoon van Rijn teve seu talento descoberto aos 23 anos. Xavier tinha razão. Uma criança de 7 anos jamais poderia fazer um retrato como o de Saskia van Uylenburgh, filha do prefeito de Amsterdã e por sinal esposa do pintor. Há algum elemento aí, que nos desconcerta, digo, além do elementar maturidade e etc. Pelé reunia 18 anos incompletos quando trouxe o Caneco em 1958. Neguim está até hoje querendo jogar bola que nem ele, e nada. Tipo de observação que deixa apopléticos os arganazes opiniosos. O tempo, às vezes, auxilia uns, a outros desfavorece. Enxadristas decanos perdem aquela capacidade que tiveram na juventude. O jogo demanda muito esforço mental. Um sujeito que foi grande mestre aos 40 anos, com 70 viu seu tino decair verticalmente. O mesmo parece não acontecer com os músicos instrumentistas. Em novembro de 2017 a web mostrou um vídeo do Heraldo do Monte, com 82 anos, debulhando a guitarra. Longe de ser caso isolado. O lendário guitarrista Jim Hall deixou o planeta em 2013, com 83. Até 2010 o cara mandava muito. Gary Burton, gênio vibrafonista, fez um tour de despedida ano passado, aos 73 anos. Dois anos antes ganhou o Grammy Award na categoria Melhor Solo Improvisado de Jazz. Xavier sabia das coisas. Ao elogiar sua própria viagem literária, que em inglês chama-se "Voyage Around My Room” e em português "Viagem ao redor do meu quarto”, ele argumenta que afinal a mesma não custa nada e é uma leitura altamente recomendada aos pobres, aos enfermos e aos preguiçosos. Somente a radiância do entusiasmo consegue manifestar algo assim. Está em qualquer ser se amalgamar na correnteza orgânica do Criador. A bem da verdade, nenhum dos citados acima encomendou uma pesquisa para saber o que o público acharia de suas criações. Bem ao contrário, a fração grandiosa de cada um tratou tudo aquilo como se fosse uma vertiginosa gargalhada de alegria. Quem sabe demora menos de 1 milhão de anos para nos tornarmos uma sociedade capacitada em lugar de uma escravizada.
(Imagem: desconheço a autoria)