Desculpa, Lula
Acompanho sua trajetória desde a segunda metade da década de 70, quando militávamos no movimento sindical, coincidentemente, metalúrgico. Encontramo-nos em algumas atividades, você, sempre com pressa. Filas e mais filas de pessoas se formavam, para poses ao seu lado. Eu não tenho uma, por entender, na época, que não deveríamos cultuar líderes, que precisávamos construir uma consciência política coletiva, por entender, que o líder, tendo sua cabeça cortada, como a elite do atraso (Jessé de Souza) faz, deixa os liderados desnorteados.
Desculpa, Lula, por não ter uma foto sua do seu lado; desculpa, mil desculpas, por, em algum momento de fraqueza ter acreditado nas mentiras que a grande mídia fez e continuará fazendo contra você; peço-lhe desculpas, ainda que, por alguns segundos ter acreditado que a justiça brasileira o absolveria das acusações sem provas; peço-lhe desculpas, também, por não tê-lo defendido de seus algozes, com a garra que você tem e merece.
Peço-lhe desculpas pelos que o abandonaram na hora do massacre jurídico e midiático, colocando o rabo entre as pernas; desculpa, Lula, pelos que, como Pôncio Pilatos, lavaram as mãos; desculpa, Lula, por exigir que fizesse mais pelos trabalhadores, quando sabia que o sistema impõe limites; desculpa pelos pseudos-revolucionários, que queriam que você fizesse uma revolução inviável; peço-lhe desculpas pelos cognitivamente limitados; desculpas pelos covardes que te apunhalaram pelas costas, que por medo ou conforto, não manifestaram apoio e solidariedade, ainda que, nas redes sociais; desculpa, Lula pelos que assassinaram sua companheira querida, Marisa Letícia.
Mas sei que sabe, e é isso que te fortalece: há uma multidão indignada, da qual faço parte, que o tem em alta consideração, que te ama. E que não deixará que apaguem o seu legado, pois está no coração e na memória de cada um. Seu nome, como Gandhi, Mandela, entre outros, está registrado, para sempre, na História. Para os parâmetros do conservadorismo brasileiro (afinal fomos o último a abolir a escravidão), seu governo foi revolucionário, pelos avanços que trouxe.
É possível que você vá preso. É possível que o torne inelegível em 2018. Cantamos esta pedra lá atrás, quando o Juiz de primeira instância o conduziu coercitivamente. A justiça é a superestrutura do poder. Era para você ter se suicidado, mas você não morre, Lula. Nem mesmo quando mataram de desgosto sua companheira.
Seus perseguidores são os mesmos, que perderam quatro eleições seguidas; são os mesmos que suicidaram Getúlio e impediram Jango de governar; os mesmos de sempre, que dilapidam o erário público, numa rapinagem sem limites.
A elite do atraso não quer apenas a sua prisão. Quer sepultá-lo da memória popular. Assim quer parte da população manipulada por uma mídia e um judiciário parcial. Assim quer os políticos, que golpearam a nossa frágil democracia. Assim quer os barões da mídia; os donos dos grandes bancos, as empreiteiras. Assim quer o capital estrangeiro, os rentistas. Os que querem nos roubar o petróleo e os demais recursos naturais.
Não sei se estará preso e inelegível (tudo indica que sim, pois o roteiro do golpe segue) e se assim for, terão de matá-lo, silenciá-lo de algum modo, pois sabem, que nós, o povo, elegeremos quem você indicar, Lula.
Do Povo Buscamos a Força
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.
Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sobras no olhar
intenções estranhas.
Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.
Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.
Outros viemos.
Lutar pra nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar.
É ter pra nós o que criamos
Lutar pra nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam - vamos lutar.
Lutar pra quê?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?
Na mesma barca nos encontramos
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!
Mantivemo-nos firmes: no povo
buscáramos a força
e a razão
Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.
O Povo tomou a direção da barca.
Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós
Agostinho Neto
Acompanho sua trajetória desde a segunda metade da década de 70, quando militávamos no movimento sindical, coincidentemente, metalúrgico. Encontramo-nos em algumas atividades, você, sempre com pressa. Filas e mais filas de pessoas se formavam, para poses ao seu lado. Eu não tenho uma, por entender, na época, que não deveríamos cultuar líderes, que precisávamos construir uma consciência política coletiva, por entender, que o líder, tendo sua cabeça cortada, como a elite do atraso (Jessé de Souza) faz, deixa os liderados desnorteados.
Desculpa, Lula, por não ter uma foto sua do seu lado; desculpa, mil desculpas, por, em algum momento de fraqueza ter acreditado nas mentiras que a grande mídia fez e continuará fazendo contra você; peço-lhe desculpas, ainda que, por alguns segundos ter acreditado que a justiça brasileira o absolveria das acusações sem provas; peço-lhe desculpas, também, por não tê-lo defendido de seus algozes, com a garra que você tem e merece.
Peço-lhe desculpas pelos que o abandonaram na hora do massacre jurídico e midiático, colocando o rabo entre as pernas; desculpa, Lula, pelos que, como Pôncio Pilatos, lavaram as mãos; desculpa, Lula, por exigir que fizesse mais pelos trabalhadores, quando sabia que o sistema impõe limites; desculpa pelos pseudos-revolucionários, que queriam que você fizesse uma revolução inviável; peço-lhe desculpas pelos cognitivamente limitados; desculpas pelos covardes que te apunhalaram pelas costas, que por medo ou conforto, não manifestaram apoio e solidariedade, ainda que, nas redes sociais; desculpa, Lula pelos que assassinaram sua companheira querida, Marisa Letícia.
Mas sei que sabe, e é isso que te fortalece: há uma multidão indignada, da qual faço parte, que o tem em alta consideração, que te ama. E que não deixará que apaguem o seu legado, pois está no coração e na memória de cada um. Seu nome, como Gandhi, Mandela, entre outros, está registrado, para sempre, na História. Para os parâmetros do conservadorismo brasileiro (afinal fomos o último a abolir a escravidão), seu governo foi revolucionário, pelos avanços que trouxe.
É possível que você vá preso. É possível que o torne inelegível em 2018. Cantamos esta pedra lá atrás, quando o Juiz de primeira instância o conduziu coercitivamente. A justiça é a superestrutura do poder. Era para você ter se suicidado, mas você não morre, Lula. Nem mesmo quando mataram de desgosto sua companheira.
Seus perseguidores são os mesmos, que perderam quatro eleições seguidas; são os mesmos que suicidaram Getúlio e impediram Jango de governar; os mesmos de sempre, que dilapidam o erário público, numa rapinagem sem limites.
A elite do atraso não quer apenas a sua prisão. Quer sepultá-lo da memória popular. Assim quer parte da população manipulada por uma mídia e um judiciário parcial. Assim quer os políticos, que golpearam a nossa frágil democracia. Assim quer os barões da mídia; os donos dos grandes bancos, as empreiteiras. Assim quer o capital estrangeiro, os rentistas. Os que querem nos roubar o petróleo e os demais recursos naturais.
Não sei se estará preso e inelegível (tudo indica que sim, pois o roteiro do golpe segue) e se assim for, terão de matá-lo, silenciá-lo de algum modo, pois sabem, que nós, o povo, elegeremos quem você indicar, Lula.
Do Povo Buscamos a Força
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.
Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sobras no olhar
intenções estranhas.
Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.
Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.
Outros viemos.
Lutar pra nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar.
É ter pra nós o que criamos
Lutar pra nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam - vamos lutar.
Lutar pra quê?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?
Na mesma barca nos encontramos
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!
Mantivemo-nos firmes: no povo
buscáramos a força
e a razão
Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.
O Povo tomou a direção da barca.
Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós
Agostinho Neto
Imagem: Google/Revista Fórum