Assim ou ...nem tanto. 126

O Espanto

Era uma vez o espanto. Nascia de tudo o que era novo, grande, forte, desconhecido, aterrorizador. Nascia em qualquer surpresa quer fosse boa, má ou assim assim. Gabava-se de ser a mola real das paixões e de alguns amores até serôdios. Tinha vida efémera mas a virtude de renascer no coração de todos mas mais frequentemente no daqueles que , abertos à descoberta, nunca tinham visto descalça a Fada Madrinha ou sequer sabiam que havia madrinhas fadas. Por baixo do que é visto há um universo de valores, coisas raras, insuspeitáveis maravilhas. Arriscamo-nos na perspectiva de um espanto. Primeiro a vontade, a inibição, o que se lixe e, a seguir, o golpe, a mão a sangrar, o ai que dor ou, que bom é estar aqui contigo que vieste do nada ou de outro lado onde nunca passeei o espírito. Importa nada de onde és, de onde venhas, do que no teu lugar fazes para conviver com as urtigas. Quero-te assim, como se fosses virgem de tudo sem querer medir ou pesar dias que te foram. Quero-te, espanto, onde pouse a minha esperança, onde viva a alegria, onde me nasçam medos que a seguir saiba que são tigres de papel ou gatos da família de um que arrancou os olhos ao dono numa qualquer história mentirosa.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 31/01/2018
Reeditado em 31/01/2018
Código do texto: T6241128
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