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Deu um branco
 
Deu um branco. Já aconteceu com qualquer um de nós. É verdade que, com a idade, a ausência de cor, vai, pouco a pouco, sendo a dominante. Existem, porém, doenças e acidentes que podem deletar tudo, mesmo numa tenra idade. O que é uma mente sem lembrança nenhuma? Não sabemos, não dá para saber. Talvez seja a própria pureza, talvez seja uma forma de infinito, onde o tempo e o espaço não se contam. Talvez seja, finalmente, o encontro com Deus. Talvez não seja nada, nada mesmo, como se tivéssemos morrido.
É por isso que gosto de escrever. Se o vazio invadir meu cérebro, se tudo for deletado e minhas sinapses entrarem em colapso, tenho esse consolo. O que fui, o que deixei de ser, vai estar escrito por aí, em algum lugar. Nem que não houver ninguém lendo, ainda assim, isto vai ser parte de mim. Sim, isto vai ser o meu espírito, rudimentar, escrito em prosa e verso, pairando em forma de perdidas palavras, pelo ar, para quem quiser ouvir...
 
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Flávio Cruz
Enviado por Flávio Cruz em 30/01/2018
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