QUANDO CADA UM VAI PRA UM LADO

Ficar longe um do outro, traz fôlego novo às suas vidas, deixando o ar menos sarnento, menos aflito.

Ficar longe apara rebarbas, desenterra suores que nem sabiam mais existir, faz um bem danado.

A distância arruma a casa, deixa o sangue menos cansado e o chão mais com cara de ninho.

O lado a lado perpétuo encarde, atola desejos, engripa sonhos.

Sombras se relando a toda hora arrancam os fios de carinho, de paciência, de atenção, de suportação.

Quando cada um vai pra um lado, as ciladas reduzem suas garras e dá até pra salvar o que tudo indicava estar morto e embalsamado pra sempre.

Casal que se distancia terá a deixa para redescobrir encantos há léguas esquecidos, assim a saudade se encarregará de restaurar dores que a rotina nunca cansou de tatuar.

Ficar longe não separa as ligas construídas ao longo dos tempos.

Não é capaz de destruir couraças que os dias mandaram buscar.

Nem terá a capacidade de esmigalhar sentimento real que parecia abandonado em canto qualquer.

Por outro lado, a distância poderá arrematar o que já estava sacramentado, mas ambos por medo ou preguiça só faziam adiar,

só faziam fingir que não era com eles.

A distância poderá dar o veredicto que a cegueira da impotência fazia camuflar sem descanso.

Será o jeito de tornar a situação resolvida de vez, destronando marasmos e certos tumores que teimavam em não arredar pé.

Assim ambos poderão renovar seus alvarás de casal por mais um tempo.

Ou se darem um sonoro adeus aos berros, o mesmo adeus que trocavam aos sussurros pra ninguém conseguir ouvir.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 30/01/2018
Reeditado em 30/01/2018
Código do texto: T6240333
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