QUANDO CADA UM VAI PRA UM LADO
Ficar longe um do outro, traz fôlego novo às suas vidas, deixando o ar menos sarnento, menos aflito.
Ficar longe apara rebarbas, desenterra suores que nem sabiam mais existir, faz um bem danado.
A distância arruma a casa, deixa o sangue menos cansado e o chão mais com cara de ninho.
O lado a lado perpétuo encarde, atola desejos, engripa sonhos.
Sombras se relando a toda hora arrancam os fios de carinho, de paciência, de atenção, de suportação.
Quando cada um vai pra um lado, as ciladas reduzem suas garras e dá até pra salvar o que tudo indicava estar morto e embalsamado pra sempre.
Casal que se distancia terá a deixa para redescobrir encantos há léguas esquecidos, assim a saudade se encarregará de restaurar dores que a rotina nunca cansou de tatuar.
Ficar longe não separa as ligas construídas ao longo dos tempos.
Não é capaz de destruir couraças que os dias mandaram buscar.
Nem terá a capacidade de esmigalhar sentimento real que parecia abandonado em canto qualquer.
Por outro lado, a distância poderá arrematar o que já estava sacramentado, mas ambos por medo ou preguiça só faziam adiar,
só faziam fingir que não era com eles.
A distância poderá dar o veredicto que a cegueira da impotência fazia camuflar sem descanso.
Será o jeito de tornar a situação resolvida de vez, destronando marasmos e certos tumores que teimavam em não arredar pé.
Assim ambos poderão renovar seus alvarás de casal por mais um tempo.
Ou se darem um sonoro adeus aos berros, o mesmo adeus que trocavam aos sussurros pra ninguém conseguir ouvir.
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