SE É PARA FALAR DE COISAS...
Ando pintando bancos, banquinhos, tamboretes. Não sei exatamente porque, mas eu os tenho comprado, e depois escolho uma ou mais cores e pinto o sete. Não ficam com cara de arco-íris e nem com cara de trabalho profissional. Não ficam com minha cara, nem com cara das minhas letras, mas gosto de ver a pintura finalizada. Olho para eles orgulhosa, mesmo reparando as falhas, a falta de uma segunda demão...
Quem tem uma vida passando do meio, com a sensação de que ela poderia ter sido melhor ainda vivida, nem gosta de ficar remoendo possibilidades perdidas. O tempo não nos dá uma segunda ou terceira chance sem cobrar caros pedágios por baboseiras. Já pensou por um instante se um ticket para a felicidade nos fosse vendido uma única vez, e por acaso você o cedesse para uma outra pessoa? Comigo isso nunca aconteceu não! Não que eu me lembre.
Nessa história dos bancos, nem sei qual parte deles eu gosto mais. Se é quando decido comprar, se é quando o pinto, ou se é quando o olho dias depois com grande prazer. Quem sabe a melhor parte é a prática. A parte em que sento neles e me esqueço do trabalho que tive. Será que podemos fazer o mesmo com os nossos anos de vida? Admirar as cores que se destacam em nossas lembranças e considerar todas as experiências, admiráveis, sem se lamentar por nenhuma. Ah! Pintei meu tamborete mais recente, de verde. Não ficou muito bom não, mas gostei assim mesmo.