Sei que os leitores adoram quando falo da minha vida particular, é como olhar pelo buraco da fechadura através de uma página.

E fazia tempo que não contava nada...

Seja pela indisposição íntima, ou por essas passagens que a vida nos trás me servindo de uma dose extra de atribulações, desgastes e melancolia.

Não importando o motivo, o fato é que hoje, por inspiração ou atendendo a outra vontade mística, vim aqui contar o que anda se passando.

E chegou minha filha Anna, primogênita, contando da mudança.

- Pai, a adolescência agora vai até 24 anos. Sabe por quê?

Levantei meus olhos emoldurados pelas olheiras da tela do computador. Que sanha seria essa?

Sem que respondesse verbalmente, pois já sabem que quando paro e olho já é uma resposta, emendeu dentro da sua felicidade contagiante e natural:

- Os filhos não conseguem sair de casa! Ninguém consegue um trabalho que dê para pagar todas as contas.

Laconicamente, soltei aquele suspiro típico dos velhos esqueletos castigados pelas marteladas dos dias sem trégua:

- Já imaginava isso!

Ela riu. Saiu trôpega e feliz. Trabalhadora, com OAB, estudiosa, ganha lá seu salário de unha de fome em um escritório cujo futuro ainda não sei.

Não quer Concurso... E talvez a culpa seja minha, pois concursado em tempo integral, talvez tenha pensando dar-lhes tudo. Só que podem pensar que esqueci de algo.

Volto à fuga das teclas e aqui estou...

Pai de adolescentes! Lindas, magníficas, estudiosas e esforçadas no início da subida da vida enquanto já faço a minha curva no ponto mais alto, ou, quem sabe, sem perceber já escorrego ladeira abaixo...