PRECONCEITO
Como os demais povos de todo mundo nós somos preconceituosos sim, apesar de termos até lei para tolher as demonstrações desse fato corriqueiro e absolutamente idiota.
Considerar que alguém não pode estar em determinado lugar, fazer determinada coisa, usar esse ou aquele bem, consumir seja lá o que diabos for pelo simples fato de ser diferente fisicamente, vestir-se, professar religião ou ter origem diversa da maioria (ou da minoria dominante) chega às raias da imbecilidade.
Nosso histórico é pródigo em exemplos de pessoas que foram vilipendiadas, agredidas (verbal e fisicamente) porque são diferentes, mas ser diferente é a condição básica para nossa existência.
A genética está aí para provar que, a não ser que tenhamos um irmão univitelino, não existe, nunca existiu, nem jamais existirá alguém igual a nós. Só isso já é bastante para garantir que preconceito contra o diferente não se justifica.
Há um detalhe no preconceito “à brasileira” que deveria ser objeto de pesquisa sociológica.
Grande parte da população considera-se superior aos policiais militares, funcionários públicos e prestadores de serviços como empregados domésticos, frentistas, porteiros, zeladores, lixeiros, garçons, ascensoristas, motoristas de coletivos, manicures, balconistas, feirantes, etc. (estão fora desse rol de inumanos os estilistas ou cabeleireiros que cobram uma fortuna nos seus ateliês ou salões chiquerrérrimos para fazerem as mesmas coisas que fazem os profissionais de bairros populares), mas murcham as orelhas com palavras e gestos subservientes diante de médicos ou autoridade policial.
Nesses últimos tempos em que tivemos a nefanda presença dos ptralhas na administração pública foram estimuladas as “lutas de classes” que faz parte integrante e inseparável da cartilha de Karl Max com o joguinho sórdido - “nós contra eles” - sendo que nós somos as vítimas e eles são os algozes, sempre.
São louváveis as criações de universidades e de escolas profissionalizantes de nível médio, as ações de distribuição de renda e de combate à fome nas regiões (desde sempre) estrategicamente abandonadas pelos três níveis de governo, a polêmica e mal conduzida transposição das águas do Rio São Francisco e o aumento da nossa participação no comércio internacional de commodities.
Em contrapartida tivemos o acirramento do embate sobre as diferenças regionais e o empobrecimento geral de todos aqueles que, pelo efeito manada, caíram no conto do crédito fácil e do marketing agressivo para o consumo do supérfluo sob a égide do “eu quero, eu posso, eu mereço” e hoje estão com os nomes sujos no SPC/SERASA e noites mal dormidas como prêmio de consolação, mas isso só para os honestos, claro.
Por ser de domínio público torna-se desnecessário falar nos roubos e manipulações nas empresas estatais, obras inacabadas, serviços deficitários, tráfico de influência, desvios de dinheiro para paraísos fiscais, fraudes em programas de assistência social e o clientelismo característico dos regimes socialistas, de populismo imediatista e, felizmente, de curta duração.
Aquela velha máxima de “ensinar a pescar em vez de dar o peixe” foi deixada de lado mais uma vez e se tornou evidente quando foram criadas as famigeradas cotas raciais para ingresso nas universidades federais. Não se cuidou de melhorar o ensino básico, apenas se abriu o curso universitário para quem não estava preparado para acompanhar os currículos.
Outra ação ridícula e inútil desse governo acéfalo é a Portaria do Ministério da Saúde MS nº 344 de 01/02/2017 que determina que os cadastramentos devam conter a cor do cadastrando como subsidio ao programa - política nacional de saúde integral da população negra - (PNSIPN), que serve apenas para colocar mais uma pá de brasas no polêmico direito das minorias.
Fica a pergunta: existe política nacional de saúde integral das populações indígenas, brancas, amarelas, listradas, azuis, LGBT, deficientes mentais, visuais ou auditivos, obesos, cadeirantes, aidéticos, drogados, desdentados, mancos, moradores de rua, órfãos, etc. ou o interesse é apenas para o grupo de pele escura?