Um mundo que ficou no passado-2
Continuando aquilo que estava sendo dito antes:
- Lá pelas 4 da tarde, - quem teria que apartar o gado, tinha folga mais cedo, os outros continuavam até as 5 horas e depois, corriam para o ribeirão, para dar um mergulho. Hora boa esta. Ficar alí naquela água geladinha e só esperando o tempo esvair-se e o dia sendo engolido pela escuridão da noite... - Coisa que não era incomum, em se tratando de vida bucólica. - Mas, engana-se quem acha que esta vida noturna campestre é muito tranquila, muito pelo contrário, a vida no campo quando a penumbra cobre a luz do dia: aparece todo tipo de insetos e bichos: tipo; baratas, cobras, ratos, camundongos,morcegos, escorpiões, lacraias, potós etc...
Nestas localidade, o dia perde rapidamente a claridade e com isto, ninguém tem muito o que fazer. Na época ainda utilizavam as famosas lamparinas a querozene, era o único apetrecho capaz de iluminar a casa e lá fora também, quando se necessitava buscar alguma coisa, tipo água, lenha para queimar no fogão, aquecendo as águas para o banho e para se fazer o jantar, o café etc... O terror era sair em pleno escuro sem saber onde estava pisando, ir de encontro com a bica onde corria o leito d'agua e captar água no balde e levar para dentro de casa. O maior medo era de pisar numa cobra ou escorpião ou mesmo um sapo. O coração parecia saltar de dentro do peito e sair pela boca. Argssss...Mas, era notoriamente obrigado a tal tarefa e não havia acordo. Ou buscava ou apanhava de vara de marmelo.
O mundo nosso era mesmo assim, os menores obedeciam os maiores e assim a vida ia sendo levada.
Voltando à rotina no dia seguinte, bem cedinho a turma estava mesmo disposta a seguir o caminho do saber, isto é, tínhamos que caminhar alguns quilômetros até um ranchinho de palha, estilo pau-a-pique, sem parede em volta, telhado redondo, onde as carteiras improvisadas eram colocadas uma a uma atrás da outra, de forma que os alunos mantinham a concentração na lousa e não se viravam para ver a sacada de laranjas que eu carregava para o lanche,- eu estava ainda naquela fase, nem pré escolar ainda, porque naquela época só se entrava no pré com 7 anos de idade, acho que ainda tinha 6 e pouquinho. Escola de roça, mas, era norma da escolinha. Lá do lado de fora estava esta criança segurando o saco de laranjas, aguardando o recreio dos outros dois irmãos e primos e vizinhos que andávamos juntos. Hora do lanche, mas, antes disso eu já havia devorado alguma laranjas...Terminado o lanche, era hora das brincadeiras, atirar bucha de laranjas nos colegas, até a professora aparecer com a sua tradicional repreensão... Naturalmente ficava na minha, mesmo naquela idade tenra, mas, tinha um espírito muito bem comportado e sossegava no cantinho. Isto passou... Caminho de volta, por volta de meio dia, sol a pino e no caminho havia um rio bem caudaloso e não dava outra, passávamos para dar um mergulho e espiar quem estava por alí também tomando banho.
Assim terminava a manhã e seguíamos para casa e o resto da tarde mais banho no poço da "pedra". Poço da pedra ficava nos fundos da nossa casa e ficava há uns 500 metros mais ou menos, mas, era um rio muito limpo, onde pescávamos também e peixe de boa qualidade, tinha ferreirinha, lambarí, bagre, parapitinga, piau. Tinha também cascudo, mandi fidalgo e lobó. além dos lambaris que pescavamos para comer frito. Belas lembranças estas.
(to continued)
Nestas localidade, o dia perde rapidamente a claridade e com isto, ninguém tem muito o que fazer. Na época ainda utilizavam as famosas lamparinas a querozene, era o único apetrecho capaz de iluminar a casa e lá fora também, quando se necessitava buscar alguma coisa, tipo água, lenha para queimar no fogão, aquecendo as águas para o banho e para se fazer o jantar, o café etc... O terror era sair em pleno escuro sem saber onde estava pisando, ir de encontro com a bica onde corria o leito d'agua e captar água no balde e levar para dentro de casa. O maior medo era de pisar numa cobra ou escorpião ou mesmo um sapo. O coração parecia saltar de dentro do peito e sair pela boca. Argssss...Mas, era notoriamente obrigado a tal tarefa e não havia acordo. Ou buscava ou apanhava de vara de marmelo.
O mundo nosso era mesmo assim, os menores obedeciam os maiores e assim a vida ia sendo levada.
Voltando à rotina no dia seguinte, bem cedinho a turma estava mesmo disposta a seguir o caminho do saber, isto é, tínhamos que caminhar alguns quilômetros até um ranchinho de palha, estilo pau-a-pique, sem parede em volta, telhado redondo, onde as carteiras improvisadas eram colocadas uma a uma atrás da outra, de forma que os alunos mantinham a concentração na lousa e não se viravam para ver a sacada de laranjas que eu carregava para o lanche,- eu estava ainda naquela fase, nem pré escolar ainda, porque naquela época só se entrava no pré com 7 anos de idade, acho que ainda tinha 6 e pouquinho. Escola de roça, mas, era norma da escolinha. Lá do lado de fora estava esta criança segurando o saco de laranjas, aguardando o recreio dos outros dois irmãos e primos e vizinhos que andávamos juntos. Hora do lanche, mas, antes disso eu já havia devorado alguma laranjas...Terminado o lanche, era hora das brincadeiras, atirar bucha de laranjas nos colegas, até a professora aparecer com a sua tradicional repreensão... Naturalmente ficava na minha, mesmo naquela idade tenra, mas, tinha um espírito muito bem comportado e sossegava no cantinho. Isto passou... Caminho de volta, por volta de meio dia, sol a pino e no caminho havia um rio bem caudaloso e não dava outra, passávamos para dar um mergulho e espiar quem estava por alí também tomando banho.
Assim terminava a manhã e seguíamos para casa e o resto da tarde mais banho no poço da "pedra". Poço da pedra ficava nos fundos da nossa casa e ficava há uns 500 metros mais ou menos, mas, era um rio muito limpo, onde pescávamos também e peixe de boa qualidade, tinha ferreirinha, lambarí, bagre, parapitinga, piau. Tinha também cascudo, mandi fidalgo e lobó. além dos lambaris que pescavamos para comer frito. Belas lembranças estas.
(to continued)