Diana

Diana era uma menina de 17 anos, recém formada no ensino médio, carioca da gema, criativa e extrovertida. Ela sempre dizia ter muito medo da vida adulta,

- Eu prefiro ser criança! Vou ser criança pra sempre! ela dizia aos amigos.

Mal sabia a menina que seu medo era do incerto, medo do futuro, medo do amanhã não ser como ela pensou, medo da decepção, medo de não viver o futuro que ela já sonhou...

Diana sofreu muito na sua família. Escolheu uma faculdade e uma carreira que a família desaprovava.

Diana era artista.

Diana foi expulsa da casa da mãe. Teve de largar seu lar, seu amor, sua cidade maravilhosa...

A então menininha temerosa do futuro teve seu destino traçado para a cidadezinha de Jardim no Mato Grosso do Sul, onde seu pai morava.

Diana chorou no avião.

A carioca se aventurou, lutou, disse "eu quero voltar", arrumou amigos para morar. Mas a mãe também não cedeu, queria ela distante, queria não precisar conviver com a própria filha.

Diana chorou em casa.

Ela não conseguia se sentir em casa, não conseguiu se encontrar em Jardim, fazer dali "seu lar". Mas... essa é a vida adulta a qual ela possuía tanto receio... A famigerada vida onde as coisas não são como queremos, nem como planejamos, muito menos como gostaríamos...

A vida onde nós que precisamos fazer nossas oportunidades. E Diana tinha que ser pioneira na cidadezinha interiorana e inovar. Tinha que lutar. Não podia desistir de viver porque seu futuro havia falhado.

Entretanto, para uma jovem de 17 anos é difícil demais pensar assim, é desgastante e, arrisco dizer, torturante, pensar que há vida longe da família, longe da sua vozinha querida, longe dos amigos, longe da sua faculdade dos sonhos, longe do seus planos, traçados há anos...

Por fim, leitores, venho lhes trazer o desfecho desta trama: Diana lutou. Entrou na faculdade de Jardim, a pequenininha que só tem dois cursos na estadual inteira. Diana fez faculdade, conheceu a fundo seu pai, de quem foi afastada a vida toda até então. Diana viveu feliz o seu tempo em Jardim.

Encarou corajosamente a vida adulta, com seu jeito de criança, e mesmo depois de muito choro, a alegria veio pela manhã.

Diana continua sendo artista.

E colore o mundo, no Rio, em Jardim, no Brasil ou fora dele, ela colore.

E faz poesia.

Alessandra Nardacci
Enviado por Alessandra Nardacci em 25/01/2018
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