VELHA INFÂNCIA

Ninguém quer ser velho! É verdade que há quem queira ter maturidade antes do tempo previsto! Outros quando crianças não tiveram suas vontades saciadas e então quiseram ser adultos de uma só vez. Por consequência almejaram subitamente se tornarem maiores para terem autonomia, sem quem os regulasse e sem ter que dar satisfações. Não sabiam eles o quanto é bom ser criança e que viver não é sempre fazer tudo! Vejam ainda que em oposição, o idoso também se deleitaria em voltar a ter a potência, a energia e a motivação do rapaz de vinte poucos anos. De certo que gostariam de serem joviais com a mesma cabeça dos “enta” para não recaírem nos mesmos erros ou nas mesmas bobagens da velha infância, quando jovens imprudentes e sem juízo. É a batalha do velho e do novo! É um estica e puxa daqui – o verso do reverso, o silêncio dos expertos e sábios, o barulho dos adolescentes incautos, o sorriso das crianças. E também o mau humor do infeliz contra as gargalhadas estridentes do hilário. É intenso e perceptível os contrastes das fases da vida e das vontades que sempre nos assolam.

Em totalidade a juventude é linda e o envelhecer também o é! Quando moços temos o que queremos porque vamos atrás enquanto podemos! Não importa se está longe! Não nos aborrece estar a pé ou sem dinheiro! Temos o mundo inteiro nas mãos! Por outro lado somente quando desiludidos ou quando o mundo parece desabar, voltamos à tona para compreender que não é tão simples como aspirávamos! Na jovialidade, por vezes não temos a astúcia necessária para nos desviar das pedras ou das pancadas que a vida nos revela. Ao estarmos mais vividos, mais experientes, de outro modo pode ser que não tenhamos a mesma energia, a mesma força e a resistência de antes! É um mundo de controvérsias e de embates! Quando estamos novos e nos enamoramos, reviramos o mundo de cabeça para baixo se preciso for! Caminhamos léguas e léguas e não nos furtamos às dificuldades! E tudo parece estar às mil maravilhas! E lá pelos 60 ou 70, quando temos a “expertise”, a higidez física não nos acompanha mais! Somos mais recatados, mais reflexivos! Pensamos muito mais antes de agir! Não adiantamos um passo sem que esse esteja bastante arquitetado!

Sem falar que naquele tempo de descobrimento da vida, não tínhamos que pensar em praticamente ninguém, no máximo em nós mesmos – éramos sem dúvida egocêntricos. Muitas vezes, pela idade juvenil, esquecíamos sem querer até de que tínhamos família, que tínhamos uma casa para voltar. O lar, naquele tempo, nos parecia ruim ou desagradável porque cumprir regras exigia esforço, era obrigatório respeitar as pessoas, conversar ou receber alguém que talvez nem conhecíamos direito! Arrumar a cama, fazer café, cuidar do armário, dos próprios pertences! Ufa! Notemos que o jovem por ter muito não sabe apreciar o que tem – em uma simplicidade de uma cama e um colchão bem feito e limpo, comida pronta, roupa limpa, café da manhã todos os dias. Desse modo pais que se preocupavam aonde vai, com quem vai, que horas volta! Realmente tudo isso ocorria conosco e simplesmente tínhamos o pensamento de dizer que era “normal!” Mal sabíamos que o mundo lá fora era uma cortina retalhada em que cada um é por si e Deus por todos!

E por tudo isso somente lá quando estamos na melhor idade ou quando vivemos fora de casa, ou moramos sozinhos nos lembramos de tudo o que tínhamos. Aquele irmão que parecia ser muito chato, porque ficava no seu pé, agora faz uma falta danada! Agora quando então você se encontra em um lugar distante, no meio de quem você não conhece e pensa que daria tudo para estar no colo da família novamente. Em ouvir o pai falar de suas experiências como orientação de vida. Daquelas palavras e ideias que naquela época dizíamos estar cansados e que por agora sentimos toda ausência! Não é à toa que dizem por aí que quando se perde é que se reconhece e que na distância aprendermos a estimar os que nos amam! Que o seio familiar é o melhor remédio e melhor lugar do mundo! Então aprendemos que os pais nunca foram ruins como pensávamos! Eles apenas nos direcionavam ao bom caminho para que não caíssemos e não nos machucássemos! A batalha continua, na correria contra o tempo, na vontade de recomeçar diferente e compreender que o valor da vida está em viver bem cada minuto nas alegrias ou nas adversidades, com resiliência. Aprender com cada momento é saber viver com sabedoria!

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 24/01/2018
Código do texto: T6235412
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