A VIAJANTE
 
Logo que cheguei ao local, o clima parecia ser bastante diferente do de minha cidade. Moradores comentavam que os verões eram quentes e chuvosos; os invernos, por ser a região montanhosa e escarpada, apresentavam bolsões de ar frio e neblina.
Para compreender o que havia de concreto e real nos dizeres da população teria que passar ali, no mínimo um ano, o que não era minha ideia. Percebi que era necessário entender as emoções e as atitudes de cada pessoa. Algumas, cheias de artifícios, transpassavam uma visão mística e sensorial própria dos simbolistas; outras alicerçavam gestos e comportamentos nas complexidades que caracterizam as relações dos árcades com o mundo. Havia ainda um terceiro grupo. Esse, ora demonstrava tensão, medos e angústias; ora companheirismo e muita descontração tanto quanto os românticos. Muito estranho e misterioso!
A noite parecia olhar-me curiosa. O luar polvilhava tudo e todos com gotículas de orvalho tais quais pedras preciosas, em parceria com as estrelas e os vagalumes, iluminando o meu andar.
Via-me como um ser privilegiado. A natureza compartilhava comigo cada pensamento, aflorando importantes situações um pouco adormecidas. Envolta pelo cenário, ouço o som de uma sirene e desperto.
No ontem e no hoje, no real e no imaginário, muito a ser descoberto no interior de cada viajante.
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 24/01/2018
Reeditado em 25/01/2018
Código do texto: T6235220
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