ETNIAS

Antes de tudo, é importante deixar bem claro que a espécie humana tem apenas uma raça que se chama Homo sapiens sapiens. Ponto.

Há zilhões de anos, nossos ancestrais saíram da África e invadiram em levas sucessivas a Europa, a Ásia, as Américas e a Oceania e pelo caminho foram dando fim às outras espécies do Gênero Homo, como por exemplo, os neandertais.

Os fenômenos climáticos e físicos ocorridos nesses muitos anos criaram barreiras, como cursos d’água, montanhas, vales, etc. que isolaram esses núcleos de indivíduos, dando origem ao que chamamos vulgarmente de raça, mas que na verdade são etnias, caracterizadas pelas adaptações desses grupos aos ambientes aonde fixaram residência.

Aqueles que se estabeleceram bem ao norte do continente europeu desenvolveram pele clara, olhos azuis e cabelos louros, altura acima de l80 cm, etc. conhecidos como arianos que Hitler considerava a “raça superior às demais”;

Os que seguiram para a Ásia permaneceram com os cabelos e olhos escuros, mas ficaram baixinhos, troncudos, etc. são os mongóis e alguns deles, que migraram para o Norte, muito além do Círculo Ártico são conhecidos como esquimós.

Outros grupos deram origem aos indianos, chineses e os povos do Oriente próximo. Alguns desceram até o continente Australiano e deram origem aos aborígenes

Os que permaneceram na África são os nossos bem conhecidos tuaregues e beduínos (berberes) masai, pigmeus, etc. todos com pele, olhos e cabelos escuros.

(Já foram encontrados diversos registros fósseis desses povos e os cientistas foram pródigos em batizá-los. Homo habilis, H. erectus H. rudolfensis, H. ergaster, etc.)

Paleontólogos e antropólogos mantêm bem viva uma contenda homérica (quase uma briga de foice) para explicar como esses H. sapiens sapiens povoaram todos os continentes, principalmente as Américas.

A principal hipótese é a que fala na última glaciação, quando grandes massas d’água ficaram em estado sólido e “apareceram” as pontes secas entre os continentes, mas a coisa engancha no tempo em que o fenômeno ocorreu, em torno de dez ou doze mil anos atrás, porque já foram encontrados na Serra da Capivara (Município de São Raimundo Nonato/Estado do Piauí) os restos de carvão das sucessivas fogueiras feitas no mesmo lugar por um “alguém” durante muito tempo, há mais de trinta mil anos, conforme teste do C14.

Ora, se o carvão que “sobrou” dessas fogueiras era brasa para aquecer o acampamento ou preparar alimento mais de vinte mil anos antes da glaciação, significa dizer que o ser humano já dava suas pernadas pela Serra da Capivara bem antes do frio “de renguear cusco”, como diz o gaúcho.

O que há de mais interessante e extraordinário em tudo isso é que esses grupos humanos desenvolveram linguagem, superstições, moral e ética, artefatos para paz e para a guerra, hábitos alimentares, tipos de construção, vestimentas, ornamentos, religiões e arranjos sociais que foram sendo transmitidos de geração em geração, criando identidades culturais, geralmente conflitante com as dos outros grupos.

Até os dias atuais, isso é motivo mais do que justo para nos odiarmos e matarmos uns aos outros em guerras fratricidas, porque nós saímos das cavernas, mas o nosso comportamento não.

(As guerras santas, brigas de torcidas e de grupos políticos rivais são provas mais que convincentes dessa realidade.)

Os textos mais antigos são datados de onze ou doze mil anos (chineses), dez ou onze mil (Vedas), portanto a maior parte dessa cultura acumulada está perdida para sempre, ou até que se consiga ler a memória genética que, provavelmente, está gravada nos códons silenciosos do nosso genoma.

Então diante dessa variedade de etnias, de línguas e principalmente de usos e costumes é que se dá o fenômeno da rejeição pelo diferente que se transforma no preconceito que além de negar a possibilidade de contato, considera inferior e reprovável, tudo e todos alheios ao núcleo a que pertença o avaliador.

Reitero o meu entendimento de que em sendo preconceituosa a pessoa está renunciando ao seu direito de pensar, de meditar sobre os assuntos, de analisar as situações e formar opinião própria, porque sendo portadora de preguiça mental, torna-se uma simples repetidora do senso comum.

Todos nós temos a mesma capacidade intelectual, podemos transformar quaisquer sonhos em realidade concreta.

Tudo o que existe hoje, um dia, foi sonhado por alguém.

Podemos construir ou manobrar desde um castelo de cartas a um submarino ou uma nave espacial.

Para tanto só precisamos de capacitação e perseverança ao tentar.

GLOSSÁRIO

Renguear cusco = aleijar cachorro.