Il Tempo delle Stelle
Há pouco vi um avião ascender em curva. Decolou por volta de uns quarenta quilômetros daqui. À noite essa visão adquire, para mim, um aspecto importante. Poético, eu diria, sem exagerar. É estranho morar longe do principal aeroporto de São Paulo e, mesmo assim, poder ver aviões ainda a subir os céus, num movimento curvilíneo. Já o disse: são por volta de quarenta quilômetros de distância. Mas... é perto. Pertinho até demais!
E ele leva suas luzes artificiais consigo. Singrando os mares aéreos -- coragem essa de navegar entre as nuvens e com grande escuridão. Santos Dummont deve estar orgulhoso de sua invenção, onde quer que esteja. O movimento dos aviões é incrível! Passeiam com enorme responsabilidade! Fazem escala, pousam, voltam aos céus. NÃO têm hora pra isso, têm? Acho que não. Vários deles fazem isso. O céu pertence a eles, como já se observava na música.
O céu noturno é um mar de ar, sabia? É. Um oceano pré oceano cósmico. Cheio de visões ocultas. Mas que têm seus olhos voltados para outros mundos possíveis ainda. É. O céu noturno é poético. Negro véu que se desdobra numa parte da Terra para que ainda outras partes possam acordar e dar início às atividades. Esse véu -- tem sabor? Doce? Amargo? Cheiro? Esse véu eterno... com corpos massivos cheios de gases que viajam por milênios até que seu brilho chegue até nós.
Esse véu é um cobertor. Um lençol. Fino -- a despeito de seu negrume e aparente peso. Esse véu nos traz poesia. E um pouco de paz.