REFLEXÕES DE UM SESSENTÃO

Sempre tive uma relação um tanto fria com Deus.

Sendo filho de um bravo sobrevivente do Holocausto, que sofreu na pele o assassinato impune dos seus pais e irmão pelos simples fato de também serem judeus, no fundo achava que se Deus existisse não tinha lógica permitir que "o seu povo" se sujeitasse a tamanha degradação, sendo levado ao matadouro sem chance de defesa.

Assim fui tocando a vida, olhando Deus com o pé atrás e, confesso, fé não fazia nenhuma falta pra mim.

O tempo foi seguindo, fui amadurecendo, dando e tomando porrada nas minhas caminhadas, até que comecei a construir uma relação diferente com Deus.

Fui percebendo que as coisas não aconteciam pela mão do acaso, havia na retaguarda algo mexendo nas peças desse tabuleiro maluco chamado de vida.

Isso me fez sentir bem, pois admiti que não estava sozinho e que o que entendia como mero acaso era, de fato, parte de uma estratégia maior, coordenada, e que tinha um objetivo.

Mesmo quando a coisa pegava, vendo meu mundo ruir e tudo parecer que deu errado, havia o consolo, ou entendimento, que no final tudo ficaria bem. Era só ter um pouco de paciência.

Assim começou a nascer em mim um sentimento de aceitar Deus como algo real, tangível, o que fazia um bem danado pra minha alma.

Não passei a frequentar sinagoga ou rezar devotamente a toda hora. Nada disso.

Passei a reconhecer que tudo acontecia com determinado maestro na retaguarda, que de tudo sabia e a tudo via, só que com entendimento diferente do meu.

Isso estimulava o exercício do bem nos meus sentimentos.

Compaixão, solidariedade, justiça, respeito, humildade e outros nessa linha passaram a fazer parte do meu cardápio e, acredite, tudo ficou melhor, mais fácil e gostoso de fazer.

Sentir que Deus está "me olhando", que está do meu lado, vem fazendo com que tenha atitudes melhores, mais dignas e honestas comigo mesmo e com os outros.

Não estou mais sozinho, fazendo o que bem quero.

Agora têm "câmera" gravando o que faço dia e noite, pegando inclusive meus pensamentos e intenções, que passaram a ser menos vingativos, menos materiais demais, menos pobres de espírito.

Reconheço que estou mais feliz dessa forma. Palavra de honra.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 23/01/2018
Reeditado em 23/01/2018
Código do texto: T6233752
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