O SONHO.

Manhã de segunda-feira, dia silencioso, quase frio. O cheiro do café invadiu a casa inteira, não perdi tempo, tomei o meu café sem muita demora, no mesmo silêncio de todos os dias anteriores. Do lado de fora, a luz tímida do sol começa e percorrer pela janela, e em pequenos filetes invadindo o interior da casa, a luz aos poucos expulsa a escuridão.

Como bem disse em outros momentos, eu não gosto da segunda-feira, o dia em si, é como os demais no restante da semana, entretanto, existe qualquer coisa neste em específico que não compreendo. Talvez seja o meu preconceito concebido de anos anteriores, das muitas vezes em que esse dia, era um tormento da primeira à última hora de labuta. Mas esse tempo passou, restaram as lembranças perambulando no pensamento e as cicatrizes na alma. As vezes, muito raramente eu diria, esse tipo de pensamento me assalta de momento, incomoda, a verdade é que não sei como me livrar dele, mas essa sensação passa… Sempre passa.

O dia mais uma vez se arrasta, e os ponteiros do relógio mostram-se mais cruéis do que nunca, o silêncio e a ociosidade chegam ao extremo, e o desespero toma conta do meu ser, de meu coração, e da alma por inteiro.

Lembrei-me do beija-flor, aquele mesmo de outrora, o motivo dessa lembrança, verdade seja dita, foi um sonho que tive essa noite, sonho esse incomum. O sonho deu-se da seguinte maneira: Lá estamos nós, eu, e o beija-flor, ela, ave majestosa, com todo o resplendor da sua beleza, sendo banhada pela luz do sol, e em um instante, aquela magnânima ave, transformou-se na mais bela donzela. Meu coração de pronto enlouqueceu, o fogo da paixão tomou-me por inteiro, o coração disparou no peito. Ela ao aproximar-se de mim, banhou-me com o frescor de seu perfume, sua lívida face, os olhos feiticeiros, os seus lábios divinamente esculpidos. Desejei-a de pronto, então, de repente, aqueles lábios de perfeição sugaram dos meus em um ardente beijo, a seiva da vida, e me vi desfalecido aos seus pés.

Assim foi o sonho, logo acordei, embora pareça até que ainda estou sonhando; não sei quando eu verei o meu beija-flor novamente, eu a quero, a desejo, mas ela…Bom… Ela sempre foge, sempre voa. E nesta minha solidão de segunda-feira, tenho apenas as lágrimas como companheiras, testemunhas da minha dor. Pretendo eu acho, transforma-las em versos, como sempre faço nessas ocasiões, quem sabe assim, o meu ser se acalme, e se ajuste à jaula deste corpo mortal.

Eu sinto sua falta

Sinto falta do seu sorriso

Sinto falta da sua voz

Sinto falta de você

Você se foi de repente

Deixou meu coração dilacerado

A alma banhada em lágrimas

E a saudade doendo dentro de mim

Somos que não deveríamos ser

Confinados na prisão de nossos sentimentos

Mas a nossa realidade é triste

Um abismo gigantesco entre nós

Eu sinto a sua falta

Sinto falta do seu perfume

Sinto falta da sua presença

A sua ausência dói demais

Somos estrelas errantes

Perambulando sem destino no céu

Na eterna busca de um pelo outro

Sem nunca poder se encontrar

Eu sinto a sua falta

Sinto falta de nossos diálogos

Sinto falta do brilho dos teus olhos

Sinto falta de você

Mas você se foi em uma dessas noites

E o meu coração ficou triste

Minha esperança perdeu-se no silêncio

A sua ausência machuca a alma

Eu sinto a sua falta

Sinto falta de apenas estar ao seu lado

Sinto falta de seus pequenos toques

Sinto falta de você.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 22/01/2018
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