O CLÍMAX DO DRAGÃO
Bruna Lombardi começa seu “Clímax” com “Preparo”. “Me preparo para ser o que sou e me preparo lenta”. Termina com “Deixa ser Luz”. “Minha missão de existir só se completa e tem fim se eu conseguir ver a luz e dar o melhor de mim”. “Clímax” exibe todos os desenhos cegos que jorram dos sentimentos humanos.
Na contracapa do livro há três adjetivos para “Clímax” de Bruna. Impactante, sensual e sensorial. Vou ser petulante e incluir mais um. Caudaloso. Às vezes transborda. Se “Clímax” fosse um rio, seria límpido e uma aventura maravilhosa navegar nos perigos das suas correntezas.
É correto também como diz na contracapa que “Clímax” tem revelações de uma intimidade inesperada. Só que Bruna não entrega o jogo assim tão facilmente. Ela sabe como ninguém esconder essa intimidade atrás de labirintos, véus e senhas. Para encontrá-la é preciso ultrapassá-los, retirá-los e desvendá-las.
A própria Bruna se permite dizer em “Lições de Amor”: “Para compreender uma mulher é preciso pesquisar tudo o que é falta de juízo”. Não sei se é falta de juízo, mas penso que Bruna tem uma quedinha pelo profano das deusas e fadas.
“Clímax” é uma jornada exuberante pelos sentimentos humanos. A bela Bruna trata-os como uma bela manipuladora. Aqueles que estamos sempre postando nas redes sociais acompanhados de “carinhas” felizes. Aqueles que de dia trancamos nas gavetas. Depois, nas noites de insônia abrimos as gavetas para que eles façam a festa. Nem o suicídio escapou de seus versos. Com dedicatórias.
Bruna é magistral com o sentimento do amor. Essa mulher ama. O amor que explode infinito nas madrugadas de orgasmos. O amor visto por uma janela. Aquele esperando alguém que nunca chega. Aquele que vê alguém partindo sem um aceno de adeus. Bruna mostra com perfeição que o amor também pode ser extremamente sórdido.
Neste passeio pelos desenhos cegos dos sentimentos, Bruna dialoga bastante com seus anjinhos e diabinhos interiores. Aqueles que habitam em cada um de nós, e tem na gangorra dos sentimentos a sua principal diversão. Bruna sabe o que a maioria não sabe. Nesta gangorra o importante é sempre manter o equilíbrio.
Em “Clímax” Bruna mistura desejo com alquimia e sexo com mantra. Em “Sexo e Deus” lemos: “Só penso em sexo e em Deus”...”Somente Ele me conhece e se diverte comigo”.
Do início ao fim, “Clímax” provoca e deixa o abismo obscuro do nosso eu interior literalmente nu. “Clímax” pode não ser perigoso, mesmo assim, solta muito mais fogo pela boca do que o dragão.