UM DIA APÓS OUTRO
Desde o dia em que resolvi, ou melhor, as circunstâncias resolveram mudar completamente o cenário da minha vida e virar com rapidez as páginas da minha história, tenho procurado me reencontrar nesta nova estrada.
Já se passaram até o presente momento 137 dias que estou “longe de casa”, “milhas e milhas distante” de todos os meus amores, neste período já falei muito na tentativa de “distrair-me” com o barulho do desconhecido, já me calei para que no silêncio pudesse ouvir os soluços do meu coração.
Há cerca de dois meses, num dia cinzento e frio, sentei-me no curto espaço que restava do almoço em um pedaço de calçada no pátio do local onde trabalho, estava com o peito apertado, parecia que mãos invisíveis apertavam o meu coração ao ponto de fazê-lo doer e logo lágrimas de tristeza corriam feito os saudosos igarapés da minha terra que buscam seus rios para desaguarem... Tudo era cinza, olhei para uma árvore imensa que estava do outro lado da rua dentro de uma escola infantil e percebi o quanto ela também era triste, suas folhas quase todas haviam caído expondo seus galhos secos e tristes, no meu interior assemelhei-me a ela.
Ao caminhar para casa após o expediente, experimentei da famosa garoa de Sampa e quando olhei para cima, vi apenas uma grande massa cinzenta cobrindo os céus desta misteriosa cidade...
Neste dia, a caminhada diária foi mais solitária de todas as que eu já havia experimentado, um lamento sofrido acompanhou-me nos três kilômetros de minha jornada, enfim, cheguei a casa onde moro e logo fui dormir.
UM DIA APÓS O OUTRO, é tudo o que precisamos!
Hoje sentei novamente naquele “pedaço de calçada no pátio do local onde trabalho”, mas não estava mais com meu peito tão apertado, o dia estava claro, havia sol nos céus de Sampa e de repente eu me surpreendi com aquela árvore imensa que fica do outro lado da rua, ela estava repleta de folhas verdes, vi pássaros pousando nos seus frondosos galhos e no meu interior, percebi que também eu estava começando a florescer.
Quando comecei meu longo caminho de volta para a casa onde moro, vi a lua esplendorosa feito dama requintada, ela até parecia sorrir para mim. Ainda não sei que rumo vai dar esta nova estrada que resolvi caminhar, mas tenho certeza que Deus está me conduzindo pelo melhor caminho, também ainda não cruzei a “Ipiranga com a Avenida São João”, mas hoje alguma coisa começou a acontecer no meu coração.
Por: Adina Bezerra 23/08/10 22:05