SAPIOSSEXUALIDADE
-Oi! Vamos num aniversário comigo hoje à noite?
Era minha amiga Fê me convidando de supetão.
-Que susto doida! Sei não tô fazendo faxina, sem tempo pra me arrumar. Vou não.
-Você vive pra casa, limpeza, ácaros!Ácaros!
-Hum, falou a mimada, faz nada em casa né. Onde é essa furada aí?
-É o aniversário do primo do meu pai. No final aqui da sua rua.
-Ah! Nossa, o baile dos chinelos de couro? você sabe que não gosto de forró, mas eu vou sim, vem mais cedo e a gente se arruma aqui e saímos juntas, beleza?
-Tá combinado Maria Ácaro. Às onze hein!
Às onze horas Fê chegou e eu já estava pronta, vestida com uma blusinha preta e uma calça jeans básica, ela quase caiu pra trás quando me viu, pois ela era a vaidade em pessoa.
Ela estava sob um salto de 15 centímetros e um vestido justinho, eu soltei uma gargalhada ao vê-la descer do carro com as unhas e o batom em vermelho, colocando o pezinho pra fora igual estrela de cinema.
Apenas bebemos um vinho e fomos felizes.
Chegando na festa ela conhecia todos, saiu à procura do seu namorado e eu me senti deslocada, me sentei perto da fogueira...é isso mesmo, pois além de aniversário era festa de São João. Tudo lindo e bem decorado, apesar do frio de bater queixo, o quentão em parceria com a bela foqueira animava o povo.
As pessoas foram se chegando e fui conhecendo pessoas novas, o aniversariante era o dono da casa, um homem bem mais velho que eu, muito hospitaleiro, conversamos bastante e ao longo da conversa ele falava bastante da família, viagens e de como a vida era boa.
Era um homem normal, poderia ser meu pai devido sua aparente idade, a conversa fluiu e concordamos e discordamos também e num certo momento me deparei com uma afinidade insólita e fui atraída por ele.
Meu cérebro bugou, fui acometida de uma atração movida pelo intelecto, a Sapiossexualidade, ou seja, a sua inteligência, sua carga cultural e suas experiências descritas serviram de preliminares e o meu corpo começou a responder, a conversa que NÃO era de cunho sexual abriu a minha mente, eu já não ouvia ele, a atenção foi destinada ao erotismo, a imaginação tomou conta dos meus sentidos, seduzida, ele falava, gesticulava mas eu só pensava em como seria seu toque, sua mão em mim, seu rosto no meu rosto.
O que era mental se tornou afetivo, erótico, mas eu já lubrificada não poderia dar continuidade aquilo e antes de tornar físico sexual decidi ir pra casa.
Ficou na memória, se foi uma paixão? atração? Eu não sei, também não esperei ele corresponder. Porque na verdade eu gostei de me sentir dona da minha sexualidade, de sentir atraída e ter esse controle do desejo sexual. Um rosto bonito alimenta o ego, mas um conteúdo, digo, uma boa conversa, um approach conta muito mais.
Fica a dica.