Segunda- feira, a minha crônica!




Segunda-feira, cedo, cedinho acordei com o interfone chamando. Perdi a hora. Dormi demais. Era minha filha com a sua no colo , toda enroladinha; só aparecia os olhinhos que procurava entender o que estava se passando; porque tinha que ter saído do berço tão quentinho para passear logo cedo e tão frio..

Não tive outro remédio se não levantar-me e já me atirar de cabeça nos afazeres do dia. - roupa, casa, mamadeira, carrinho e bebê pra lá, carrinho de bebê pra cá..Não foi de má vontade não! È puro prazer!

Abri a porta abracei a minha pequenininha. Ela deu uma risadinha linda. A mãe já saiu apressada se despedindo com um beijo e falando bem alto pro pai lá no quarto: - Bom dia véião! Dia da festa acabou ! Tá de ressaca?Ta tudo bem?- e ele responde com voz de sono: _ Táaaaa!

E...meu tempo corre célere, me obriga também a essa celeridade que não me deixa ver clara as outras situações. Não me deixa apreciar com durabilidade o sorriso dos meus netos, apreciar os gritos alegres da criança no carrinho, de ouvir uma música que gosto sem me distrair.

Fico aparvalhada porque o tempo de sair para outro trabalho já chegou. Percebeu? Outro trabalho... Até este tempo em casa eu só trabalhei...andei pra, pra cá. Fiz papa, troquei fraldas, coloquei roupas na máquina de lavar, lavei louças ( e tem louça na pia de novo! Que coisa! ). Entre um ato e outro a impressora está trabalhando imprimindo as atividades de meus alunos que já deixei preparada.

O tempo de sair de casa chegou muito rápido...o relógio não andou. Ele me traiu... ele esperto deu um pulo e marcou meio- dia. Meio dia e meia a perua está no portão para pegar netinho para levá-lo à escola. Ele ainda precisa almoçar. “Corre! Servir o almoço!. “ Levar a Maria Júlia para o décimo andar para a Mara cuidar dela até às seis e meia da noite.

Ufa! Meio dia e meia e...vou tomar meu banho. Não! Só um ba... de tão rápido. Louça do almoço? Fica pra depois. A roupa a máquina! ...estendo tão rápido que nem sei como, senão vai mudar o cheiro se ficar lá dentro, até porque hoje tem sol e a máquina, onde está, fica mais quente.

Treze horas e já estou na escola. Nova jornada. Esta bem mais desgastante, pois tenho alunos na quarta série que mal sabem ainda escrever o próprio nome e , que por canta disso precisam de atividade diferenciada e individual. Parece incrível, mas aí eu até relaxo meu espírito e me entrego a este trabalho de corpo e alma. ( os quatro já estão começando a ler e a escrever ). Mas não têm apoio familiar nenhum – as mães trabalham fora ( o que não justifica a falta de apoio para o filho). Os outros alunos exigem bastante, mas conseguem ser mais independentes.

E...são dezessete e trinta. Hora de voltar para casa, onde me espera, a louça... o restante das roupas para passar e guardar, o jantar... ir buscar Maria Júlia no décimo, esperar a mãe chegar e levá-la em ordem e saudável. Ajudar o neto na tarefa da escola, ou eu ou o avô, e, quando a mãe dele chegar por volta das vinte e três horas... está na hora de tomar os remédios, que estes eu não ofereço. É o momento de mãe e filho.

Vinte e três, vinte e quatro horas...hora em que fico sossegada. Todos foram dormir. Vou agora para o computador, ler e escrever minhas impressões, meus sentimentos. Aí eu esqueço do horário...invado o espaço do tempo. Tempo que é meu? Às vezes tenho medo de não dar conta, de falhar com as crianças. Casa, roupa, louça... que fique. Quem quiser ou se sentir incomodado que faça. Eu tento fazer o possível no tempo que eu tenho. E meu tempo parece tão pequeno!

Ai, meu tempo! Cuide de mim! Parece que não tenho mais muito tempo! Tenho medo que o tempo me esnobe, me derrube, e já sinto vergonha ... de mim e dele....deles....Minha segunda-feira, terça-feira....todas as feiras... tenham paciência comigo, pois minhas pernas não são mais as mesmas. Tenho medo de quebrar. As segundas tudo se acumula. Tudo aumenta, Será que é só na segunda? Talvez eu esteja traumatizada?

Preste atenção, meu tempo, minha segunda-feira. Não estou reclamando, não.
Apenas estou contando como o tempo está curto e eu precisando de mais tempo. Tempo pra meus netos, pra mim, pro meu marido. Coitado! Tem de passar suas camisas. Não sei se me envergonho ou se agradeço.

Êta! Segunda brava! Ainda bem que hoje é sábado e eu estou mais calma.. Esqueci a louça para lavar e estou no computador escrevendo estas bobeiras.