PRIMEIRO Júri

Trabalhava no banco numa pequena cidade. Naquele dia não se falava outra coisa senão do júri que iria haver. O acusado vendedor ambulante, pai de cinco filhos pequenos, franzino. O morto era conhecido valentão da cidade, não perdia a oportunidade de humilhar o ambulante. Um dia, enfiou-lhe faca na barriga.

Tudo pronto, os jurados convocados, juiz, promotor, escrivão, bom público, só faltava o advogado da defesa que não aparecia. Naquele tempo não existia o celular.

O escrivão que me conhecia na condição de advogado, telefonou-me para comparecer ao Fórum, com urgência.

Fui nomeado defensor do réu. Emprestaram-me paletó e gravata.

Já tinha participado de diversos júris simulados na faculdade. Então enfrentei até com certa satisfação a estreia.

Explorei bastante o lado sentimental, das crianças que iriam ficar sem o apoio do pai se for condenado, o comportamento sempre agressivo do assassinado.

Foi rápido. Não houve réplica. E os jurados decidiram rápido. Absolveram-no por sete a zero. Noutros dois júris em que atuei não tive sorte. Os réus foram condenados.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 19/01/2018
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