PRIMEIRO Júri
Trabalhava no banco numa pequena cidade. Naquele dia não se falava outra coisa senão do júri que iria haver. O acusado vendedor ambulante, pai de cinco filhos pequenos, franzino. O morto era conhecido valentão da cidade, não perdia a oportunidade de humilhar o ambulante. Um dia, enfiou-lhe faca na barriga.
Tudo pronto, os jurados convocados, juiz, promotor, escrivão, bom público, só faltava o advogado da defesa que não aparecia. Naquele tempo não existia o celular.
O escrivão que me conhecia na condição de advogado, telefonou-me para comparecer ao Fórum, com urgência.
Fui nomeado defensor do réu. Emprestaram-me paletó e gravata.
Já tinha participado de diversos júris simulados na faculdade. Então enfrentei até com certa satisfação a estreia.
Explorei bastante o lado sentimental, das crianças que iriam ficar sem o apoio do pai se for condenado, o comportamento sempre agressivo do assassinado.
Foi rápido. Não houve réplica. E os jurados decidiram rápido. Absolveram-no por sete a zero. Noutros dois júris em que atuei não tive sorte. Os réus foram condenados.