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Acho que bebi demais
Acho que bebi demais
Recentemente, li uma crônica da Rosa Pena com o título: Será que bebi ou vivi demais? Pensei a respeito e acho que bebi demais. Janeiro é o mês do meu aniversário, sempre fico introspectiva nessa época do ano. Tenho a sensação que fiz muito pouco ou quase nada do que imaginei que faria quando jovem, que em algum momento me perdi na linha do tempo e nenhuma falta faria ao mundo a minha não existência.
Cheguei à conclusão que devo ter bebido algo que provoca amnésia e comodismo. Esqueci - me do tempo de juventude, em que acreditava que podia mudar o mundo. Hoje, vejo-me diante de tantas mazelas, tantos mandos e desmandos, tantas injustiças serem cometidas, numa completa inversão de valores, afrontando tudo que acreditei e ainda acredito.
E, o que tenho feito? Me calo ou me finjo de morta, para não contrariar os amigos, a família, o sistema. Vivo o tal: "Deixa para lá", não é comigo. Sinto - me amordaçada, meu grito não sai e quando sai, é rouco e embargado. Minha coragem murchou pelas tantas decepções e pancadas ao longo do tempo.
Uma amiga muito querida, com quem tenho conversas muito interessantes por sua sagaz inteligência em analisar o mundo e suas relações sociais, disse -me num desses diálogos que precisamos de heróis vivos para dá continuidade aos sonhos e às lutas da juventude.
No entanto, sinto - me com tão pouca vida, os sonhos de liberdade, igualdade e fraternidade, numa acepção moderna dos termos, parece que morreram em mim. A desesperança tem rondado meus dias acinzentando-os. Será que os heróis vivos tornaram - se ocos? Não quero ser uma heroína, até porque heroína é droga e já basta a droga da minha omissão. Que nada vê, nada escuta e a tudo se cala.
A única droga que quero consumir é o amor, mas que droga de amor é esse que não é fraterno? Que amor é esse que combina com egoísmo e não combate a injustiça? Quero gritar, quero reclamar, quero dizer não a toda essa mediocridade que me cerca, mas meu grito não sai, engasgo-me com palavras, pois o mundo já me é avesso.
Será que descobri que andorinha só não faz verão? Será que ao invés de mudar o mundo, o mundo me mudou? Não sei, não quero saber, não quero descer do muro, esse me parece uma boa opção nesse momento!
E assim, enquanto travo esse diálogo com meus botões, o país pega fogo. E eu? Estou aqui na praça dando milho aos pombos... Pombos? Foram embora para Pasárgada. Vou acompanhá-los, o Brasil perdeu o rumo, foi uma experiência que não deu certo, deixe tudo para os índios, vamos começar de novo em Pasárgada, pois só me restou a utopia e a garrafa.
Cheguei à conclusão que devo ter bebido algo que provoca amnésia e comodismo. Esqueci - me do tempo de juventude, em que acreditava que podia mudar o mundo. Hoje, vejo-me diante de tantas mazelas, tantos mandos e desmandos, tantas injustiças serem cometidas, numa completa inversão de valores, afrontando tudo que acreditei e ainda acredito.
E, o que tenho feito? Me calo ou me finjo de morta, para não contrariar os amigos, a família, o sistema. Vivo o tal: "Deixa para lá", não é comigo. Sinto - me amordaçada, meu grito não sai e quando sai, é rouco e embargado. Minha coragem murchou pelas tantas decepções e pancadas ao longo do tempo.
Uma amiga muito querida, com quem tenho conversas muito interessantes por sua sagaz inteligência em analisar o mundo e suas relações sociais, disse -me num desses diálogos que precisamos de heróis vivos para dá continuidade aos sonhos e às lutas da juventude.
No entanto, sinto - me com tão pouca vida, os sonhos de liberdade, igualdade e fraternidade, numa acepção moderna dos termos, parece que morreram em mim. A desesperança tem rondado meus dias acinzentando-os. Será que os heróis vivos tornaram - se ocos? Não quero ser uma heroína, até porque heroína é droga e já basta a droga da minha omissão. Que nada vê, nada escuta e a tudo se cala.
A única droga que quero consumir é o amor, mas que droga de amor é esse que não é fraterno? Que amor é esse que combina com egoísmo e não combate a injustiça? Quero gritar, quero reclamar, quero dizer não a toda essa mediocridade que me cerca, mas meu grito não sai, engasgo-me com palavras, pois o mundo já me é avesso.
Será que descobri que andorinha só não faz verão? Será que ao invés de mudar o mundo, o mundo me mudou? Não sei, não quero saber, não quero descer do muro, esse me parece uma boa opção nesse momento!
E assim, enquanto travo esse diálogo com meus botões, o país pega fogo. E eu? Estou aqui na praça dando milho aos pombos... Pombos? Foram embora para Pasárgada. Vou acompanhá-los, o Brasil perdeu o rumo, foi uma experiência que não deu certo, deixe tudo para os índios, vamos começar de novo em Pasárgada, pois só me restou a utopia e a garrafa.