______________LÍRIO-DA-PAZ

 
Quem pensa que as plantas são umas tolinhas, sem força, nem vontade, está muito enganado! Elas têm vida própria e exigem muito mais da gente do que a princípio possa parecer. Pasmem! Elas são cheias de determinação, e ditam direitinho o que desejam pra suas vidas.

Sim, as plantas são caprichosas: algumas são da sombra, outras do sol. Algumas gostam de vento, outras de lugares mais fechados. Às vezes, são das altas montanhas; outras, dos ambientes quentes e úmidos das grandes florestas. Pois bem, se você quer experimentar a força de uma planta, tente fazer com ela o que ela não queira. Duvido que vai conseguir alguma coisa. E se você insistir ela vai preferir a morte.

Pra  ter uma ideia sobre as birras que uma planta dá quando contrariada, experimente manter uma posição intransigente, uma queda de braços com ela, e se prepare: ela vai emburrar, vai murchar, vai definhar e apodrecer as raízes, até sucumbir — mortinha para sempre. Medir forças com ela não funciona mesmo!

Tenho um vaso de Lírio-da Paz (Spathiphyllum wallisii) que gosto demais. Como o próprio nome diz, suas pétalas brancas transmitem paz. É uma folhagem que gosta de lugares sombreados, mas que não dispensa discretos afagozinhos dos raios do astro-rei. Eu diria que além da paz, é também a planta do equilíbrio: nem tanto o sol, nem tanto a sombra.  E a danada tem lá suas artimanhas: se não for atendida em suas reivindicações, em sinal de protesto ela enverdece as flores.

Sou daquelas que bate papo com as plantas e vendo meu Lírio macambúzio e taciturno, perguntei-lhe em tom confidencial: “Que passa, amigo?”. Embora não tenha lhe podido ouvir os queixumes inferi sobre o mal que o acometia:  falta de luz. Então, o jeito foi atender aos seus apelos e colocá-lo numa posição mais privilegiada onde pudesse usufruir larga e indiretamente das carícias solares.

Se resolveu? Ainda não sei. Foi ontem que fiz a troca, mas algo me diz que ele já está mais feliz. Tomara que volte a pacificar a casa com suas belas flores brancas, espalhando a positividade de  sua energia. Uma certeza é a de que preciso investir no rapaz: além de difusor da paz, ele já foi reconhecido também pela NASA por suas propriedades purificadoras de ar. Não é à toa que onde esteja o Lírio-da-paz, sente-se imediatamente um frescor peculiar. Você já entrou naquelas veredas de sombras dos parques onde eles vivem em plenitude e perfeita comunhão com a Natureza? É um quadro de dar gosto, que deixa a gente sem vontade de ir embora.

Meu Lírio e eu, eis nosso enlevo! E espero que possamos restabelecer a paz novamente no lar, sem protestos de flores verdes e cara de emburramento. Verde assim, ele tá mais pra Lírio-da-Tristeza e não combina em nada com o nome bonito que carrega. Torço, torço muito para que volte a ter aquela cara feliz de quando passou a habitar meu endereço, adornando minha vida e meu ambiente. Quero muito que desemburre e fique lindo de novo... Afinal, tudo que mais almejo nesse momento é viver em paz com meu Lírio-da-paz...