FALTA DE ESCRÚPULO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
No Brasil, temos vivido o império da falta de escrúpulos e de falsidade. De acordo com a origem da palavra, sequer há uma pedrinha no sapato de nossos políticos. Na verdade, é uma quimera acreditar num Brasil melhor ante supersalários acrescidos de penduricalhos e mordomias, tudo muito acima do que merecem pessoas que estariam exercendo um múnus público, em sentido amplo. Nunca se fala em cortar efetivamente na própria carne, diminuir gastos com o dinheiro do contribuinte e fazer mais com menos, em favor dos brasileiros. Impensável se tornou o enxugamento da máquina, um basta definitivo ao aumento de impostos e aos entraves da burocratização. Sem falar na falta de seriedade, de competência e honestidade, sem caixa dois nem propina e foro privilegiado. Aliás, privilégio, no sentido de lei para alguns, é o que mais há.
Uma pauta dessas, contendo austeridade, jamais entraria para aprovação por suas excelências. Só por um milagre brasileiro. “Pátria, minha patriazinha, tadinha, lindo e triste Brasil”, canta Toquinho lembrando o Poetinha. No tocante aos privilégios, não abre mão o ateu, o agnóstico, o pardo e o branco, homem e mulher, o de esquerda, o de direita, o de credo religioso, base aliada e oposição. Todos aliados aos próprios interesses. Somente é contra mordomia quem não tem. Quem tem poder não forceja por justiça. Excesso de burocracia interessa ao poder.
Todos os partidos se esmeram em loas à honestidade. São palavras de Padre Antônio Vieira: “uma cousa é o soldado, e outra cousa o que peleja; uma cousa é o governador, e outra o que governa. Da mesma maneira, uma cousa é o semeador, e outra o que semeia; uma cousa é o pregador, e outra o que prega. O semeador e o pregador é nome; o que semeia e o que prega é ação; e as ações são as que dão o ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras são as que convertem o mundo”.