Assistindo a uma competição de Força Bruta exibida na cidade de Cotia – SP, hoje de manhã, me quedo pensando: o que leva uma pessoa a se apaixonar pela Força e fazer disso uma meta? Treinamento, suplementos, dedicação, um estilo próprio de vida e com a vontade de vencer passam a priorizar suas escolhas: são os Incríveis Hulks da vida real e encontram no esporte predileto uma razão para serem aclamados como os homens mais fortes do mundo.

Vejo lá, homens megafortes sustentando martelos pesadíssimos, levantando sucessivamente pneus gigantescos, arrastando cargas impensáveis, jogando vôlei de pedra com uma bola de cento quarenta quilos que dá a impressão de ser feita de meia, na atuação descomunal daqueles gigantes. Ufa! De dar canseira e fadiga, só de olhar! Mas os atletas fazem bonito e com suas extremas e peculiares habilidades vão mostrando ao Brasil e ao mundo como são poderosos com seus músculos de aço e poder de suportar pesos com uma facilidade impressionante.

Naturalmente, todos os atletas são  grandalhões, com estatura e pesos avantajados, e têm um orgulho enorme em exibir seus bíceps poderosíssimos. Mas não são gente como a gente, são verdadeiras muralhas humanas a desafiar a lei dos fracos. Sim, porque como dizem por aí, algumas coisas nesta vida são só para os fortes, os fracos são só plateia, a vibrar e aplaudir fascinados o que jamais serão capazes de realizar.

Vejo por aí, na vida também, muitas pessoas anônimas que desenvolvem um incrível poder de força, mas neste caso o fazem para sobreviver. São os carregadores de móveis com seus armários e geladeiras; as faxineiras com seus tapetes molhados; os homens do campo com seus bois e arados; os serventes da construção civil com suas latas de concreto e sacos de cimento. Estes, e outros  não citados, são também da força bruta, embora por outras razões que não a de competir ou vencer desafios esportivos. Para estes, a própria vida é a grande competição e precisa ser vencida dia a dia por uma questão de sobrevivência.

Além dos praticantes da Força Bruta, os das competições esportivas e os da vida, o mundo conta também com os da Outra Força, que também é bruta sem parecer que é, partindo-se do princípio de que nem sempre força é o que se mede na escala das toneladas. Os da Outra Força sabem disso. São aqueles que escondidos nos próprios sofrimentos e sacrifícios não sabem de onde tiram tanta força para esperarem pelo dia seguinte. Embora ninguém saiba, e não recebam a força de uma torcida animada, estão lá quietinhos a suportar os pesos do árduo jogo de viver.

Entre os diferentes tipos de Força, fico com todos. Cada um sabe de si e encontra em si, também, diferentes razões para justificar suas escolhas e até o que não vem de escolhas. Mas deixo aqui registrada minha admiração mediante o impecável desempenho dos Homens Mais Fortes do Mundo: fui à cozinha e não consegui abrir um potinho de geleia, daqueles com tampas bem enroscadas. Então, fico aqui pensando no zero e nas vaias que levaria da plateia, caso pisasse na quadra de Cotia, hoje de manhã.