AMORES NO UNIVERSO
Ontem conversavam no portão, e ela, sobre tudo que falava, em cada palavra, sorria. Quanta felicidade...
Notando tanta alegria, ele quis saber o que havia, e ela disse que os astros estavam favoráveis... Empolgada, perguntou qual era o signo dele, e ele respondeu que era “dinossauro”. Novamente ela sorriu e disse que esse signo não existia. Ele respondeu que nenhum existia... Dessa vez ela riu a gargalhar, dizendo: “O seu é o mais perigoso, meu amigo... Escorpião!” Muitos risos...
Como melhores amigos ela sempre contou-lhe sobre sua vida complexa, dos amores vazios, das emoções reprimidas, com tristezas profundas, desejos contidos, temores gigantes, dores latentes, intimidades, confidências e confissões...
Então, abraçaram-se como se agradecidos ao universo por tanta vibração positiva na vida dela, e diante daquela felicidade, ele insistiu um pouco mais sobre a motivação... Ela disse que passou a sentir algo diferente por alguém que ela queria bem, e que, como um delírio, um fogo intenso, uma paixão, ao ser visitada por ele em seu domicílio, ela sentiu ser pega pelos braços, encostada na parede e, sentiu-se beijar; e que, sem querer resistir, entregou-se à corresponder tanta intensidade como se nunca houvesse beijado... estavam tomados por tamanha vontade, e que, houve ali mais que um simples toque de lábios, houve uma luta como por fome de bocas, em loucura e desesperadamente.
Mesmo diante das complexidades da vida ela sempre considerou seus princípios morais e sua ética como norteadores do seu caminho. Sempre se dizia ser uma mulher ajuizada. Entretanto, diante desse sentimento novo, lamentou estar sofrendo muito, pois queria viver intensamente essa relação tão verdadeira, mas não queria destruir famílias, nem casamentos e nem viver como amante... Por fim, ela disse que os signos deles eram muito compatíveis e confessou que estava feliz, amando e sendo amada, mas triste sem poder, livremente, amar.
Atentamente ele ouvia tudo e sem interrupções... Ela sempre o considerou seu melhor conselheiro e como não podia ser diferente pediu-lhe opinião sobre o que deveria fazer...
Ele perguntou: Alguém já te fez tão feliz na vida? Ela respondeu que nunca tinha sido tanto. Então, ele outra vez perguntou: Você já cometeu um erro tão grande assim na vida? Ela disse que nunca...
Ele disse que a vida é só o tempo; que a felicidade é sentir o decurso; que acerto e erros são existências; e que nem sempre conjugamos nossa condição humana da melhor forma... Disse: olha esse vasto céu estrelado... tudo existe, mas teimamos em achar certezas e equívocos nesse enigma da vida que não compreendemos... Ninguém sabe conjugar nada. Ninguém tem combinações de existência... Tudo que é vida é uma impressão só nossa, e sermos felizes nunca deve ser uma impressão alheia... É melhor ser feliz do que viver apenas tendo razões.
Por fim ela perguntou: E para você o que é viver sendo feliz?
Ele respondeu: É acreditar ser possível...
Ela sorriu, disse ter entendido, agradeceu e foi embora.
Todo dia eles conversam, e, por mensagens de celular, às oito horas da manhã, ela envia um print do horóscopo que leu, dizendo-se só querer saber das possibilidades...