Ser mãe/avó vale a pena

Ser avó

Às vésperas da magia da vida, o parto da minha filha primogênita, o nascimento do neto, o que vem de reflexão é o quanto vale esta vida.

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena” – já disse o poeta lusitano. Ver uma barriga que cresce na barriga daquela que já foi o bebê que mexeu na da gente, que rebentou o corpo no parto natural, que mamou em seu peito, que lhe a perder noites de sono a fio, ah, isso não tem preço.

Ela, menina de personalidade forte, muito crítica, que sempre quis dar as ordens na casa. –“Errado isso, mãe! Você não educa esse menino, dá nisso! – Ciumenta, dizia que eduquei diferente o irmão temporão. Ele podia tudo, ela nada. –Comigo foram muito rígidos, com ele...- Sempre dando palpites na educação do meu menor.

Agora, como num ciclo, é a vez dela escrever suas linhas na história da vida, fazer sua história.

Ela irá educar à sua maneira e adaptar-se às condições físicas, psicológicas e econômicas, resolver seus problemas. E a avó e mãe estará mais uma vez, assistindo a tudo, sem intromissão, mas auxiliando se preciso, ou se sua ajuda for cogitada, mas deixando ela ter sua vida própria.

Quando formamos família, como nada na vida, não temos bula. Não viemos como seres autômatos ou robóticos, com manual de instrução. Não. Cada um se defende dos “predadores” e é a lei da sobrevivência. Daí, ou aprendemos a nos defender ou enfrentamos os desafios com resoluta força, ou somos presa fácil da vida. Sucumbimos.

Neste momento da vida, pergunto? Fiz e faço certo? Errei, acertei? Dou um tempo para ela? Fui educada recebendo a vara para pescar. Nunca me deram o peixe pronto para comer. Meus pais- muito mais tarde compreendi- sempre me auxiliaram nos conselhos, nos livros comprados para estudarmos, deram o apoio necessário, mas sempre com independência para aceitar os resultados dos próprios erros. Nunca deram nada fácil. Estavam certos. Discordo da vida escrava e do abuso de perder-se a infância para trabalhar. Trabalhei desde os 14 anos e atrás de um balcão primeiro e tantos outros. Não morri. Sempre dignamente, independente e dona do nariz.

Claro, todo empoderamento feminino e suas conquistas têm um preço. Mas na soma o resultado é satisfatório.

Sobre o neto, menino de nome pré-escolhido a dedo, Francisco, vem para me dar alegria, respostas para a reflexão inicial. Sim, viver vale muito a pena. José Saramago disse certa vez, que os filhos nos são presenteados. Acrescento: Eles veem embalados em volume enorme de amor e enlaçados na mais enigmática das relações. Ser mãe vale a pena.

Silvinhapoeta
Enviado por Silvinhapoeta em 12/01/2018
Código do texto: T6223729
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